sábado, 24 de maio de 2008

Paula Gomes esquina com Duque de Caxias

Este tem sido o meu endereço no último mês e pouco. Faz parte das mudanças dos últimos tempos. Da janela não vejo mais o varal do prédio, mas sim outras coisas, muitas outras coisas...

Além da Telabrix, empresa de "Molduras, teclas, poster's e espelhos" (escrito exatamente como está na placa) e dos dois pinheiros ao fundo, outras coisas acontecem na esquina da Paula Gomes com a Duque de Caxias.

Era uma vez, pois, um torto... Bar-boteco-balada que anima e desanima os desavisados. Anima porque provém aquela santa cervejinha do final do dia com um bolinho de carne pelo qual muito apreço tenho. Une os amigos, os não-amigos, os inimigos e os desconhecidos. A partir da quarta-feira, a quadra, especialmente os 30 metros da porta de casa até a esquina, vira cenário de baladinha. Com direito a tudo. Reúnem-se todos os tipos de pessoas: bêbados (os que mais comparecem), tiozões (los viejos verdes, que não deixam de fazer parte da categoria "bêbados"), trabalhadores em geral (todo e qualquer tipo de profissional), os módis, os emos, os poetas de balcão e os não de balcão, os roqueiros, os flevers, a galera do tubão, e a nova geração de wonkeiros, que vem fazer o esquenta no boteco da esquina antes de bater cartão ali na fábrica de chocolates (salve, salve Gene Wilder!).

Por outro lado, desanima porque, e isso só vê quem mora aqui na quadra e sai de manhã cedo, existe um depois de toda essa agitação noturna: bêbados jogados pela rua dormindo, garrafas de cerveja quebradas, um sem-fim de bitucas de cigarro, pedaços de comida, lixo em geral, vômito, roupas esquecidas. O cenário matinal é de um fim de batalha, onde até o espólio ignorado já foi levado.

Mas tudo isso, se "apreciado com moderação", deixa a quadra com um ar jovial, um ar portenho notívago bem-vindo. Aqui na Paula Gomes, voltando para casa de noite, chego a me sentir em Buenos Aires. Aquele povo pela rua conversando, rindo, vivendo a rua como um espaço seu, coisa que no Brasil poucas vezes vi. A Paula Gomes com Duque de Caxias, para mim, é quase como uma miniatura da minha tão querida Caballito. Ai minha Caballito! Aliás, quarta-feira conheci por acaso um ex-morador de Caballito perdido aqui em Curitiba.

Também há as figuras carimbadas da quadra: o varredor de rua que sempre me cumprimenta, as putas do puterinho da região que nunca vi mas sei que estão lá; os tiozões do estacionamento da quadra, que passam o dia jogando baralho; os outros da mercearia portuguesa, que passam a vida a tomar cerveja e cultivar a pança; a moça do lado de casa, que mora debaixo da igrejinha e vive brincando com a filhinha na calçada; e os dois moradores de rua que moram na esquina da Duque com a Paula (um em uma esquina, outro na outra).

A Paula com a Duque é, pois, a minha Vallese con Acoyte atual.



4 comentários:

cañete disse...

Não sabia que já tinha se afeiçoado tanto ao lugar, realamente a esquina da Duqueu de Caxias com a Paula Goems merecia esse texto!

jackie disse...

Amor...
(percebes que nossa relacao se estreita a cada dia???ha-haha)
perdao?
este pobre ser aflito (por tua magoa) se perde nos encantos da infancia clariciana e esquece do mundo...

Quem ser essa criatura que encontrastes?
Falacias, falacias, falacias!
Quem se incomoda que nao leia, nao e obrigado, e?
depois venho aqui te ler, agora vou la me atualizar...

jackie disse...

Ai magooo,
isso quer dizer que vc nem precisa andar muito pra ir na feirinha de domingo???
que sonho!!!
Chega no wonka em tres minutos?
Que sonho!!!
Compra pao na padaria america sem ter que pegar congestionamento do centro?
que sonho!!!
Magoo, Tu faz sonho virar realidade!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Que sonho!

jackie disse...

mega sena?
Mago...
uma pessoa humilde como eu precisa de muito menos pra ser feliz!!!
tenho sonhos mais simples...

Mas me diga, nao me contastes quem ser essa amiga que encontraste???
que eu quero tirar satisfacoes, claro!