sábado, 17 de maio de 2008

11h12

Fico me perguntando em que consiste uma aventura. Preciso ir a lugares distantes e exóticos para dizer que tive uma aventura? Preciso viver um grande amor? Preciso ter feito algo de extraordinário e único? Seria necessário tudo isso junto, uma dessas coisas ou nenhuma delas?

A teoria da literatura, falando bem superficialmente e como aquele que matou aula muitas vezes, diz que são necessárias algumas coisas para haver ficção: ação, cenário, personagens e um narrador. Na ação, que se leia conflitos, problemas e afins. Em cenário, que se leia um lugar, seja qual for. Nos personagens, que não se leia nada. "Personagem" já diz tudo, porra. Em narrador, que se leia alguém que conte a história, seja um narrador onisciente em terceira pessoa ou um personagem em primeira.

Tendo em visto esses fatores, apresento aos senhores:

Ação: movimentos sísmicos da minha crescente barriguinha.
Cenário: meu trampo às 11h12.
Personagem: minha barriga, chamada doravante de Pança, e cheiro de comida de mãe, chamado doravante de Cheirinho.
Narrador: este que vos fala.

Vamos, então, ao que viemos.

Era uma vez Pança sentada em sua cadeira de trabalho, às 11h12. Já vinha cumprindo expediente vazia desde 8h. Às 10h12, deu uma roncada, levantou-se, roubou bolacha do vizinho e se acalmou novamente.

Até que, às 11h12, teve início o seu sofrimento. Do edifício vizinho, do apartamento que dá justamente na janela da sala onde trabalha Pança, Cheirinho começou a se fazer sentir. Num primeiro momento não era completamente distinguível, mas foi sendo-o aos poucos: um feijãozinho com paio, arroz branco, franguinho feito na chapa com salsinha e alecrim... Hum... perdição.

Pança, sem saber muito bem o que fazer, tentou se controlar. Em vão. Cheirinho, aparentemente notando essa estratégia de defesa de Pança, intensificou-se. Pança simplesmente foi ao delírio. Começou a se debater quase que ferozmente. A gula tinha-lhe descido pela garganta e o dominava quase por completo. O que fazer? Pança, acreditador do autocontrole e do poder da mente, que não tem, quis impor sua não-vontade de se devorar e tentou resistir aos feitiços de Cheirinho.

Todavia, acabou sucumbindo. Os 48 minutos que antecederam a saída de Pança do trabalho foram quase intermináveis e seu ataque ao buffet mais próximo digno de nota dos melhores comentadores da História.

Ainda bem que o VR diário de Pança é de R$10,00.

Obs.: apesar de tudo indicar o contrário, a balança da farmácia da esquina me disse isso ontem que continuo sendo o felicíssimo possuidor dos meus 69 quilinhos, pesados inclusive depois de um fatídico almoço livre no Sorella (bucho cheiíssimo) e com roupa!



Um comentário:

jackie disse...

Bota arreio nessa panca magooo,
que sexo de gangorra ninguem merece!!!!