segunda-feira, 29 de junho de 2009

Uruguay Trip 7

Na manhã do dia 26, com uma semana já de viagem, acordamos em Montevideo, na casa da Ale e do Mauro. Enquanto este se vestia a caráter (ele tem que trabalhar de terno e gravata, pobre coitado), coloquei minha boa e velha bermuda, uma camiseta qualquer e meu tênis estourado. Desconfio que Mauro deve ter nos invejado.
Com a barriga semicheia (saco vazio não pára em pé), fomos deixá-lo no trabalho. A Ale não precisava de carona porque trabalha do lado de casa. Mauro, por outro lado, trabalha na própria rambla e tem vista para o Río de la Plata. Aí sim eu o invejei.


Rambla
Rambla
Aproveitamos a facilidade e pegamos a aorta no sentido contrário, rumo à Ciudad Vieja. Ainda com um pouco de fome, paramos em um café para desayunar comme il faut: café com leite, medialunas, etc. Antes, porém, deixamos o Gonzinha no estacionamento, por si acaso. Infelizmente não me lembro nem do nome nem do endereço desse café, porque lá foi o único lugar no Uruguai em que fomos mal atendidos, muito mal atendidos.
Nosso primeiro destino foi o mole do porto de Montevideo, onde cruzamos com uma enormidade de pescadores tentando a sorte no Río de la Plata.


Pescadores no mole
Pescadores no mole
O silêncio e a tranqüilidade do muelle nos proporcionaram um bom momento para a introspecção e a discussão do próximo plano de grande porte, que será, no momento certo, anunciado e minuciosamente explicado neste blog.


Na santa paz
Na santa paz
Apesar de não ser lá muito interessante para alguns, eu sou fascinado por barcos (acho que numa vida passada fui um daqueles doidos europeus que se lançaram ao mar à procura das Índias). Camilo, por sorte, quase compartilha da mesma fascinação.


Será que eu já fomos marinheiros na vida passada?
Será que já fomos marinheiros na vida passada?

Só espero que não tenhamos ficado limpando convés...
Só espero que não tenhamos ficado limpando convés...
Não sei exatamente quanto tempo estivemos sentados no mole vendo os barcos passarem. O que sei é que, quando nos levantamos, já meio que estávamos com fome de novo. Caminhamos mais um tanto pela Ciudad Vieja, a esmo pelas ruas que nos pareciam mais atrativas, e acabamos chegando ao Mercado Municipal da cidade.


Ciudad Vieja
Ciudad Vieja
E bem na hora do almoço. Que coincidência! Como seria um pecado turístico imperdoável, entramos para comer. Caso contrário, o deus uruguaio do churrasco nos puniria para sempre.
Com o mercado ainda vazio por ser hora de almoço brasileiro e não uruguaio, nos sentamos em um dos tantos restaurantes à disposição e pedimos dois choripanes com salada. E que viessem acompanhados por uma Zillertal bem gelada.


Choripán
Choripán

Zillertal
Zillertal
Não preciso nem dizer que la pasamos muy bien.
Revigorados com aquela cervejinha na hora do almoço e com o bucho já bem cheio, continuamos caminhando pela Ciudad Vieja e pelos arredores da 18 de Julio. Na altura da Paraguay, o Camilo encontrou um minishopping de artesanato, que o fez ficar qual um louco. Suas raízes estudantis e de quem ia tomar bera no Largo da Ordem falaram mais forte. Teve que entrar e meter-se à cata de um chapéu. Eu, como todos já devem saber, odeio feirinhas e coisas do gênero. Do fundo do meu coração. Já tive inúmeras discussões com ex-namoradas e amigos por conta disso e hoje não discuto mais: quer ir, vá; só não me leve junte.
Sendo assim, enquanto o Camilo procurou por tudo quanto é canto seu chapéu de chanta, fiquei sentado na frente do shoppingzinho vendo a vida passar. Aliás, passa bem devagar e com ar meio quedado no Uruguai.
Satisfeito e com a cabeçola (na verdade um cabeção) enfeitada com seu novo sobrerito de cuero de chancho, os dois nos sentamos em um café na praça da Rua Florida e tomamos algo.
Já pensando na questão da chave do apartamento da Ale e do Mauro, resolvemos buscá-lo de surpresa no trabalho. De terno e gravata, nós o intimamos a fazer um car tour por Montevideo conosco. É óbvio que ele iria nos guiar. Antes de pegarmos a rambla rumo ao Cerro, passamos em casa para que o nosso trabalhador se trocasse e pusesse sua outra roupa a caráter: bermuda, camisa e havaianas. Que transformação, não?!


Camilo (com seu sombrerito de chanta) e Mauro a caráter
Camilo (com seu sombrerito de chanta) e Mauro a caráter
Com o nosso guia nativo no banco do passageiro, rumamos para o Cerro. Teoricamente é o morro pelo qual se deu o nome de Montevideo (Monte + video = vejo o monte). O Cerro, além do interesse quanto à vista, também "hospeda" a Villa del Cerro, que é uma antiga vila uruguaia que, com o passar do tempo e com o aumento da capital, acabou sendo incorporada como um bairro de Montevideo. Os moradores do Cerro são ufanistas do próprio bairro, e se orgulham de serem ufanistas, se é que isso é possível.


Villa del Cerro
Villa del Cerro
A Villa del Cerro não é o lugar mais bonito de Montevideo, mas talvez um dos mais interessantes. Tem o Cerro, o forte, o ufanismo de seus moradores, dentre os quais está Pepe Mujica, ex-militante dos Tupamaros (esquerda armada uruguaia), preso político por mais de 12 anos (leiam: Memorias del calabozo, de Huidobro e Rosencof) e futuro candidato à presidência.


José "Pepe" Mujica no senado uruguaio
José "Pepe" Mujica no senado uruguaio
Lá de cima do Cerro, uma bela vista da cidade. Não fossem os brasileiros farofeiros e chacreiros que encontramos, teria sido tudo de maravilla.


Vista do Cerro
Vista do Cerro

Montevideo vista do alto do Cerro
Montevideo vista do alto do Cerro

Mauro e Camilo "o cabeção" no Cerro
Mauro e Camilo "o cabeção" no Cerro
Descemos com o objetivo de dar mais um rolê pela cidade e de irmos ao supermercado fazer compras. Tínhamos combinado, no dia anterior, no ático do casal, que acabou alterando metade da nossa viagem, de irmos os quatro a Santa Lucía, balneário uruguaio em que os pais da Ale têm casa.
No mercado, como não podia ser diferente, fizemos a festa: quilos de carne, pão, verduras, abacaxi, cerveja, vinho e muito doce de leite (que se perdeu por algum lugar da viagem).


Doce de leite Conaprole
Doce de leite Conaprole
Voltamos para casa à espera da Ale, que teria kung fu até às 21h (cuidado com ela, é perigosa!). Enquanto a esperávamos, inspirados pela bola que vínhamos trazendo no porta-malas desde Colonia, intimamos o Mauro a bater um baba conosco pelas ruas de Montevideo. É o sangue brazuca e futuro hexacampeão falando mais forte.
Entre gols, bolas no capô e atraso, conseguimos sair de Montevideo lá pelas 22h30. Nosso destino: Santa Lucía, a 80km da capital. Nosso martírio: ouvir as cantorias pagodeiras do Camilo com o carro lotado de coisas (malas de quatro pessoas e compras para o fim de semana).

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