quinta-feira, 18 de março de 2010

Ministério da Saúde adverte: Lima faz mal aos viajantes

Lima tem feito mal a estes dois viajantes. Primeiro foi um ceviche que tentou me matar. Sem muito sucesso, por sorte (essa história já foi contada aqui pelo Camilo).

Depois, domingo, um drink atômico feito por um amigo neozelandês-irlandês aplastou o Camilo, brindando-lhe com um revertério estomacal e vômitos durante toda a noite. O mesmo neozelandês-irlandês também sofreu dos efeitos de seu trago. Eu, por sorte, ou talvez por coincidência, não tomei o tal trago por estar em período de remojo devido ao alimento não abençoado. 

Em outras palavras, Lima está nos matando. Não sei se não é um aviso do Viracocha (deus inca) para que vamos embora e partamos da capital peruana, ou se é um sinal às avessas de que devemos ficar aqui para que as coisas ruins aconteçam na capital, perto de tudo. Pior seria se ocorressem longe da "civilização", no meio do nada. Fico imaginando se aquele killer ceviche tivesse me atingido no meio de um trekking de 4 dias pela Cordillera Blanca. Provavelmente teria passado maus bocados. 

Estaria Viracocha nos expulsando de Lima ou nos protegendo de eventuais males?




segunda-feira, 15 de março de 2010

Viajeros sin Bandera entrevistados no Destinos Actuales

Senhoras e senhores, 

Para aqueles que não acreditavam que dois zé-ruelas de marca maior poderiam gerar interesse real nos outros, fomos convidados, por Eddy Lara Brito, a dar uma entrevista para o blog de viagens Destinos Actuales. Eis o começo da entrevista:

Maikon Delgado y Camilo González partieron desde Argentina para recorrer toda América Latina. Su idea ha sido compartir con todo el mundo la posibilidad de viajar con ellos a través de un programa por entregas de TV por Internet,Viajeros sin Banderas. “El mundo está hecho de lugares y personas, y ello es lo que queremos conocer“, dice Maikon mientras nos responde por email a nuestras preguntas. Ahora mismo se encuentran en Lima (Perú), pero descubramos un poco más con ellos el viaje que aún les – y nos – espera.



Quem quiser lê-la na íntegra, basta clicar aqui ou ir diretamente ao hiperlink:

sábado, 13 de março de 2010

URGENTE: ceviche assassino tenta matar um dos viajantes

Buemba-Buemba: ceviche do mal tentou ha pouco matar, assassinar, um dos viajantes sem bandeira nem documento.

Aconteceu mais ou menos assim:
Era um limenho sábado de sol, tudo ia bem e, seguindo conselho de um amigo espanhol, ambos viajeros foram comer "pescado fresco en el mercado de chorrillos, ostias!".
Depois de escolher a baraquinha, pediram um combinado de ceviche, arroz, calamar empanado y chuchufa (batata-doce). Tava tao bom que o prato foi repetido.

Uns dez minutos depois, durante a caminhada pela costanera para baixar o comido, o peixinho do mal começou a fazer efeito.
O viajeiro em questao ficou vermelho, logo um pouco mais, dai começaram a sair perebas, logo mais perebas, logo muitas mais perebas. Era uma pereba ambulante.

Certos do perigo, pegaram entao o primeiro taxi e foram direto ao hospital.
Prontamente atendidos, enquanto um explicava para o medico o acontecido, o outro gemia e se contorcia de dor e coceira na maca.
Levou logo uma injecao no fio-ó-fó e tranquilizou-se
Ao cabo de alguns minutos a coceira diminuiu, ficando apenas as marcas na pele da batalha travada entre o organismo do afetado e o maldito peixinho.

Pronto novas informaçoes ...

ATENCAO MAES: nao se preocupem. Tudo esta já sobre controle.

Petites corrections sur les infos données:
1. Camilo est un boludo!
2. A injeção não foi no lindo fiofó, e sim no musculoso braço do viajante em questão.
3. Urticária de infeção alimentar coça para caramba! Dá vontade de tirar a pele fora.
4. Sim, mamães, o viajante em questão (sr. Maikon Lala Magoo) está bem e novamente no alto de suas aptidões físicas, já pronto para responder ataques diretos feitos no blog! Meliantes são aqueles que nos atacam quando estamos caídos!
5. No more ceviche por um bom tempo...
6. Malditas dicas daquele espanhol...

sexta-feira, 12 de março de 2010

Preguiça viajante existencial

Viajar cansa, hei de confessá-lo. Há dias, como hoje, em que não tenho vontade de fazer absolutamente nada. Nem sequer ir à esquina. Fui porque precisava lavar roupa, mas não planejo fazer mais que isso.

Em dias assim não sei muito o que fazer. Sinto-me mal por estar viajando e não andando pela cidade, como a maioria dos viajantes? Ou me sinto sem culpa sabendo que viajar também é experimentar diferentes tipos de viagem, dentro os quais a modalidade "vadiagem"?

Estou com tanta preguiça hoje que nem forças para sentir-me culpado tenho, de forma que me restou aproveitar a vadiagem para descansar, ler, escrever e conversar com os amigos.

A cidade de Lima, de onde escrevo, é tão quente que não me permite sair na rua. É realmente como se tivesse sido alvejado por um balaço. É esgotador. Um passo aqui vale 15 em outra cidade... E a praia, que deveria servir como consolo, não é lá muito limpa. 

Ontem nos prometemos sair, mas não conseguimos. Hoje nem tentamos, pois sabíamos que não teríamos forças. 

Quem sabe amanhã... quem sabe...



Obs.: mais fotos da viagem no álbum Peru!

segunda-feira, 8 de março de 2010

O dia a dia de um "viajero sin bandera"

Nossa maior fã, Ana Abuelita Wallander, muito curiosa, me pediu que lhe contasse como é o nosso quotidiano durante a viagem. Queria saber se só fazemos festa, se passamos o dia passeando em excursões ou sambando com a gente. Este, pois, é um post-resposta às suas inquietações.

(Para organizar melhor o post, vou escrevê-lo em normal e negrito, sendo que este último corresponde às atividades do Camilo, ao passo que o outro às minhas)

Entre 6h e 8h - levanto-me, tomo meu café da manhã com café solúvel e pão (o que tem!) e tento estudar sueco quando dá.
Entre 7h e 9h - levanta-se, toma café da manhã, irrita-se porque não há leite, procura a todo custo leite para seu café, suas aveias e sua maca (viagra andino!).

Depois do café - tomo banho.
Depois do café - toma banho, obviamente não junto comigo.

Entre 8h e 10h - este período da manhã é muito variável. Depende do que vamos fazer no dia, do que foi no dia passado. As opções usuais são: morgar no hostal na internet ou lendo um livro; fazer algum passeio turístico ou simplesmente conversar com os convivas do hostel.
Entre 8h e 10h - basicamente o mesmo que eu.

Meio-dia - começar a pensar em comida. Nossa pança já começa a fazer ruídos requisitórios por volta do meio-dia. As opções de comida na hora do almoço são sempre restaurantes, sejam os baratinhos de rua, os dos mercados municipais ou alguns, às vezes, mais elaborados.
Meio-dia - acrescentaria somente que, se deixar, come no primeiro restaurante que encontrar. Sua fome é voraz.

À tarde - quase sempre me meto a caminhar pela cidade, em algum tour ou, quando estou cansado, faço uma siesta e fico descansando durante a tarde.
À tarde - basicamente o mesmo, já que temos estado em sintonia. Difícil um de nós dois querer fazer uma coisa e outra o outro.

Meio da tarde - aquela vontade de café decente, que nunca consigo realizar.
Meio da tarde - vontade quase incontrolável de comer chocolate, que consegue concretizar.

Fim da tarde - voltar para o hostel, tomar um banho e relaxar. Quem sabe chequear os mails intermináveis de que nunca damos conta de ler e responder tudo no dia.
Fim da tarde - o mesmo acrescido de uma vontade de ir para um bar e ficar conversando.

À noite - pensar no jantar e descansar mais, conversando com os amigos que fiz no dia.
À noite  - também pensar no jantar, que em geral não pode repetir o menu do almoço (eu não me incomodo com isso) e vontade de conhecer mais outras pessoas, num ambiente de bar.

Meia-noite - sonolento e com vontade de dormir, pois acordei no mesmo dia por volta das 6h.
Meia-noite - desejo de pegar alguma baladinha, o qual quase nunca não é acompanhado por esta pessoa.


De maneira bem geral, pode-se resumir nossos dias assim. São, como se pôde ver, muito pautados pelas funções básicas do corpo: comida, sono, cansaço e vontade de sociabilização. Estes, porém, são os dias típicos quando estamos, ou podemos estar, no hostel. Porque há também os dias em que estamos em excursão e os em que estamos tão-somente viajando.

Os de excursão são marcados por acordar de madrugada, passar o dia inteiro caminhando ou dentro de um ônibus, percorrendo sítios turísticos de interesse comum, conhecendo gente e conversando com os locais.

Os de transporte são gastos em rodoviárias, ônibus (jamais avião). Nós os passamos tirando sonecas, lendo e ouvindo música.

Outro ponto comum da viagem, que atravessam o nosso dia de cabo a rabo, é ir conversando com tudo que cruzamos no caminho, seja crianças, idosos, animais, gringos ou locais. Simplesmente falamos com todos. Permite-nos isso nossa brasilidade. É falarmos que somos brasileiros que ninguém mais nos olha com cara feia ou desconfiança. Devem pensar que somos todos um bando de psicopatas sociais. Se somos?

A interação é nossa marca carimbada. Nos ônibus turísticos, cumprimentamos a todos e vamos nos sentar no fundo. Os que não se deixam inibir acabam vindo nos acompanhar, já que estamos sempre rindo, conversando e falando besteiras. Não foi um nem dois amigos que fizemos assim. Muitos, mas muitos mesmo.

Em geral, já vamos apelidando todos e assim rompendo barreiras. A melhor estratégia para fazer rir. E quem faz rir já tem vantagem.

No resto do tempo, é simplesmente ir gozando da viagem e dando-se conta de que, muito embora já tenham passado 3 meses, ainda temos muito mais pela frente... Sim, somos sortudos!



sexta-feira, 5 de março de 2010

Coisas que se (re)aprende/acostuma/esquece quando se viaja por muito tempo

1. Tomar banho descalço. A modalidade "banho completamente pelado" é algo que inexiste quando se viaja. A higiene dos banheiros é, em geral, duvidosa. Isso quando há banheiro...
2. Tomar banho em 10 minutos e não deixar absolutamente nada cair no chão, nem o sabonete.
3. Fazer suas necessidades em qualquer lugar, mesmo que tenha que ser no matinho.
4. Resumir sua viagem em uma frase: "Estou fazendo toda a América Latina, desde Ushuaia até México, depois Europa, Ásia e África". 
5. Resumir sua vida em algumas poucas sentenças: "Sou brasileiro de Curitiba. Trabalhava como redator web e revisor. Aprendi espanhol em Buenos Aires, e francês na França. Sou formado em Letras".
6. Habituar-se a ter conversas superficiais, cheias de lugares-comuns, na maioria do tempo.
7. Conseguir, ainda que só de vez em quando, ter conversas realmente profundas depois de ter conhecido alguém há 5 minutos.
8. Desenvolver uma amizade "instantaneamente profunda" nos primeiros 15 minutos de conversa.
9. (Re)Descobrir que o seu corpo é a máquina que faz você funcionar. Caminhou-se muito, doem os pés e é preciso cuidá-los. Tomou-se muito sol, ficou-se com insolação, febre e é preciso descansar. Comeu algo errado, o estômago já reclama, etc. E é assim 24 horas todos os dias.
10. Não se incomodar mais com roupa suja. 
11. Tampouco se importar de estar feio e descompensado. 
12. Entender que quase 100% das pessoas com que você vai conviver estarão na mesma situação e, portanto, discutirão os mesmos problemas.
13. O mochileiro é uma raça à parte e tem suas próprias leis morais, costumes, interesses e regras de socialização.
14. Ser brasileiro te permite fazer quase qualquer outra coisa e todo mundo acha bonito e engraçado.
15. Esquecer que existem os dias da semana. Para um viajante a longo prazo, só há ontem/hoje/amanhã.
16. Redescobrir que o tempo é relativo e social. O relógio deixa de importar e quase tudo se pauta em: nascer do sol, pôr do sol, hora de comer, e hora de dormir.
17. Transformar a saudade e falta de algumas coisas em combustível para seguir em frente...


terça-feira, 2 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

Carnaval boliviano

Cabritos e Cabritas


Entendo ja estão (quase) todas e todos refeitos passado o período carnavalesco nacional.


Assim sendo, antes que mais nada, meu desejo feliz ano novo a todos! 
(afinal, no Brasil o ano so começa depois do carnaval)
Espero também que tenham todos e todas se divertido, como fizera Baco 
Escrevo-lhes, desta vez em poucas linhas, para compartilhar minha experiencia, meu carnaval  2010 na.... 
.... Bolivia! 

Passei pois os dias festivos em Santa Cruz de la Sierra, em companhia de alguns viajantes tupiniquins que, por razoes diversas, decidiram abandonar a terrinha nesses sagrados dias.
O carnaval no país começa, entretanto, bastante antes do que no domingo habitual (ou sexta feira para alguns). Precisamente duas quintas feiras antes do referido final de semana. Ou seja, na quinta-feira 5 de fevereiro para o presente ano. 
Neste dia Pepino é desenterrado e festeja-se o conhecido "jueves de compadres", quando os homens, e somente eles, saem para devertir-se (leia-se beber ate cair). Como em referido dia estava a bordo de um busum boliviano que ia de Potosi a Sucre, passei a festividade pois em branco.
Exatamente uma semana depois, na quinta feira 12, tem lugar o "jueves de comadres". A vez das damas. Neste dia estava pois em Cochabamba, na companhia e residencia de um bom amigo que insistiu para que ficassemos, com Magoo, na cidade até referida data - sob a ameaça de término da amizade caso partissemos antes e a promessa de lindas mulheres dançando loucamente - como no Brasil.
Armados de paciencia e tratando de contagiarnos com a alegria local, esperamos até as duas e meia da madruga para poder entrar em um bar onde,  até essa hora, só haviam mulheres dançando e tomando até cair (algumas tinham já caido). Especie de "ladies" first local. Ao invés de descrever o cenário, deixo-lhes com as palavras do cantor Luis Miguel, que dizia mais ou menos assim: "yo no sé donde están las mujeres más lindas de planeta, pero las más feas están aqui" (estava ele em Oruro). Enfim, "jueves de comadres"
Cumprida esta estapa, fomos a Santa Cruz de la Sierra aproveitar os dias de carnaval, pensando em divertir-se como voces, carissimos leitores. Conhecedores da guerra de bolinhas d`agua e jatos de espuma que explodia nas ruas hà semanas (desde que Pepino fora desenterrado),  preparamos o espírito para a batalha campal que nos esperava. Foram entao comparadas algumas bolinhas, sprais e até e pistolas d´agua - para aqueles mais fortemente armados.   Ademas, graças as boas almas do hostel, fomos alertados que, precisamente nessa cidade (e nao nas demais), além de água e espuma, os folioes tem o (maldito) costume de jogar tinta nas pessoas. Uma tinta que dificilmente sai, seja da pele, roupa ou cabelos.
A trupe tupiniquim em questao preparou-se entao para a batalha, munida do referido armamento acima descrito, colocando as roupas mais usadas (que no nosso caso nao foi muito dificil escolher) e uma touca da vovô para proteger as madeixas. Constituida por este que vos escreve, seu companheiro de aventuras e presepadas, um pessoal bacana dimaisss de Uberlândia, um casal suiço, um cubano e um irlandes que chegou por ultimo, saímos pois as ruas enfrentar a multidao.
Galera, é tinta, água e espuma pra tudo quanto é lado! O lance é atacar quem passar do teu lado rapida e precisamente, seja homem, mulher, criança ou cachorro. Depois de alguns minutos de desorganizacao e desperdicio de municao, sendo tambem sucrilhado pelos locais, adotamos uma tática romana: nos movimentamos em círculos, cada um protegendo a retaguarda do outro, atacando todos de uma vez aquele que nos tivesse atacado. Deu um pouco mais certo, em que pese fomos todos atingidos.
Quanto a cerveja e samba.... nao teve muito nao. A musica era ofertada por uma fiila de carros de som, colocados uns ao lado dos outros e provocando uma mistura sonora, que nao permitia acompanhar a cumbia do momento. Ja cerveja foi bebida quente e de maneira rapida, olhando para os lados pronto a se esquivar do futuro ataque. 
Essa festa durou pois quatro dias, até a quarta feira de cinzas. Sábado foi "Iscanata" (juego pequeño), domingo "Hachanata" (juego grande) e segunda e terça "Chaya": dias de colorir casas e carros (alguns tambem com tinta). Já no domingo 21, a festa acabou, marcada pelo desfile de corsos e pelo enterro do famoso Pepino (!)
Saludos a todos

Camilo,
em Arequipa (Peru), recuperando-se de uma caminhada de dois dias para tentar ver um Condor - que parece nao apareceu...