quinta-feira, 31 de maio de 2007

O esquecimento total na Sibéria do Sul

Tem feito frio aqui. Não há como negar. Tem dia que faz 9, como hoje, tem outros que faz 5, outros 3, outros 2 e uns que tem chegado a 0 ou -1. Fresco, em resumo. E por estar fazendo semelhante clima, em que é que se cai? Em comer mais, em sair de casa menos e em vestir-se com mais roupas.

A primeira das conseqüências de estar fazendo frio (comer mais) faz com que o pánceps cresça um pouco. Natural e esperado. A segunda faz com que você comece a amar mais do que nunca a sua caminha, as suas cobertas e a todas as suas meias (tenho uma bem grossa que é a minha segunda paixão). A terceira, por fim, faz com que você tire as roupas velhas de inverno do armário, ponha-as para tomar um sol e arejar e as vista com todo o afã. Além disso, faz com que um outro fenômeno, assaz estranho, bizarro e, se quiserem, freek venha à tona: o completo esquecimento das partes do seu corpo. Tem feito frio há tanto tempo que, por exemplo, por estar usando meias e mais meias direto, já não lembro mais do meu pé. Tenho ainda, é claro, uma imagem vaga dele guardada em algum lugar da minha mente, sinto-o às vezes (nas poucas vezes que saio e nas quais invariavelmente fico com frio nele(s)), mas é quase como se ele já fosse uma parte alheia a mim. Bizarro. A mesma coisa acontece com os joelhos e bunda. Não há Cristo que me faça ficar mais de 30 segundos nu depois de sair do banho. Me enxugo e roupa o mais rápido possível. Caso contrário, possível congelamento.

Agora, enquanto os pés padecem deste fenômeno do esquecimento total, as mãos sofrem de não-mais-sensação-de-tato! Enfermidad peligrosísima. Remédio? Luvas, se elas não me incomodassem a tal ponto que prefiro passar frio que usá-las. Sendo assim, o fenômeno do esquecimento total acaba ocorrendo também com as mãos, já que já esqueci o que é senti-las quentinhas e a gusto.



Sugerencia del troesma

No inverno, compre luvas e meias de lã de lhama! Caso tenha alergia ou sinta-se incomodado com semelhante tecido, ¡jodete!, que já não tem mais jeito.



Our freek world

Parece que as reclamações públicas deste que vos fala fizeram com que o piqueteiro-mor movesse a sua bunda e nos brindasse com mais uma de suas pérolas: Tesouro encontrado. Sobre isso, digo: achado não é roubado, quem perdeu é retardado!




segunda-feira, 28 de maio de 2007

Para baixo e avante!

Qual é a sensação de estar constantemente perdendo de ver coisas interessantes por estar sempre preocupado com outras coisas? Caros leitores, não precisam se preocupar, esta era uma pergunta retórica que eu mesmo vou responder. Pois a sensação é a seguinte: uma grande merda! E não no sentido literário eufemístico ou o caralho a quatro. Não, é merda mesmo! Das fedidas e grandes, similares a um bom profiterólis. Tem gente que diz (minha semsorte) que fedor é sinônimo de vida. Bom, eu acho que fedor é sinônimo de merda e ponto final.

Caminhar em Buenos Aires é isto. Você constantemente está andando e olhando para baixo com medo de pisar naquelas imensas e brutais mierdas que nossos amigos perros deixam por aí! Amigos o caralho! Mr. Bones é meu amigo, o resto dos cachorros que se estropeiem. Se você acha que estou exagerando, estou não. É a mais pura verdade. Não passo um mês sem voltar um ou dois dias com a sola do tênis com aquele cheirinho bem característico. Duvidam? Não é tanto assim? Pois fiquem com os depoimentos que colhi em uma enquete que fiz ontem:

Pedro, um amigo brasileiro: "Porra, cara, não dá mesmo. Só tem merda de cachorro nessas ruas. Tu não pode caminhar em paz. Me sinto num puto canil!"

Facundo, parceiro argentino: "¡La puta madre! ¡No me lo digas! Es increíble lo cuanto esos perros pueden cagar. ¡Él que los llevan a pasear se las debería recoger a las mierdas!"

Pablo, companheiro colombiano: "¡Sopas! ¿Usted qué cree? ¡Yo odio a esas mierdas! Unos hijoeputas esos manes. ¡Toda una gallada!"

Jean-Paul, conhecido francês: "Oulalalala la vache! Putain, c'est incroyable ça. Y a pas mal de chiens qui chient là. Ça me fait chier, quoi!"

Paul, conhecido americano: "Tell me about! Disgusting, man. Fuckin' dogs and their owners!"

Chupa-cabras! Tudo a mais pura verdade. Não tiro nem ponho. Sabe quê? Aquela Protocomuna de Caballito devia lutar por ruas não mais amerdaiadas, e não pela não-construção das torres! Mas é claro que não vão fazer isso: tudo aqui é copiado da França, e em Paris é exatamente assim, até pior. Só que tem detalhe básico nisto tudo: lá a merda dos chiens tem cheiro de perfume!



Sugerencia del troesma

Em greve por estar com muita preguiça e frio nos dedos!


Our freek world

Camilonga continua em greve ou férias. Chamem como quiser.





Domingão em Buenos Aires

Se eu estivesse no Brasil, certeza que em algum momento do meu domingo me depararia com o inesquecível e execrável Faustão e quem sabe com o Fantástico e o Show do Tédio. Como não estou, tive que pensar em algumas opções para ter o que fazer.

Já vinha estando em casa, recluso, tranqüilinho no meu canto e fugindo do frio desde a quinta-feira de noite. Pensei então: "Bah, seria interessante ver se ainda existe mundo lá fora, não é?" Até fiquei na dúvida se as coisas ainda estariam lá. Resolvi, pois, encarar o frio e sair. Programa? Ir no MALBA (Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires), ver a exposição do David Lachapelle e aproveitar o ensejo e ver um documentário sobre um livro do Cortázar. Ótimo então. Roupa posta, blusa posta, meias postas, cachecol no pescoço e cara na rua! ¡Estaba fresquito, fresquito, che! Cheguei no MALBA surpreendido: o museu é muito mais bonito do que eu estava esperando. Realmente fiquei de cara. E por dentro ainda mais bonito. Além de limpo, organizado, amplo. Um típico bom museu francês. Quem diria que encontraria um assim aqui?

Como já mencionei, tinha ido com a idéia principal de ver a exposição do David Lachepelle, mas acabei me deparando com uma outra exposição do Alfredo Volpi também muito boa. Tinha ainda outra de arte abstrata muito legal! Me senti uma criança no meio daqueles trens bizarros.

Fui então na do Volpi (não sabia muitas coisas dele; achei o cara interessantíssimo), fui na de arte abstrata e só então que fui no Lachapelle. Claro que estava me resguardando o melhor. Quando entro, já de cara dou com uma foto da gostosíssima Angelina Jolie, ainda com a tatuagem com o nome do Billy Bob Thornton no braço, e sua bocarra.


Em seguida, o prazer de ver Naomi Campbell nua em uma foto do Lachapelle.



As fotos seguintes todas fantásticas (elas sim são fantásticas, não o Fantástico). Por fim, já no final da exposição, montaram uma pequena sala que exibia os videoclips que ele fez.

Já quase na hora do cinema, fui eu para o auditório do MALBA. Impressionante! Um museu que merece respeito. O filme propriamente dito não merece nem alusão. Já o livro, para quem não sabe, se chama Los autonautas de la cosmopista. Trata-se de um livro-experiência de Cortázar e Dunlop, sua mulher, que consiste em fazer Paris-Marselha de carro e parando em todas as paradas de repouso que haja no caminho. Cortázar e Dunlop planejaram a viagem para 33 dias, sendo que à medida que avançavam também iam escrevendo um livro contando suas experiências. O livro vale a pena, já o filme... Só se for mesmo por curiosidade, como no meu caso.

Pois é assim, uns vêem Faustão e enchem o cu de cachaça e carne no domingo, eu fui no MALBA. Recomendo. Pelo menos não estou cultivando o pánceps.



Sugerencia del troesma

Nada mais nada menos que o próprio MALBA. Se um dia vierem a Buenos Aires e gostarem de museus pequenos que não te cansam pelo excesso de obras, tipo o Louvre, este vai encantá-los.


Our freek world

Japonesa vive com bala na cabeça. Ela devia ter uma puta dor de cabeça da porra!




domingo, 27 de maio de 2007

Caballitocentrismo

Toda cidade tem dois ou três bairros que são meio que o seu símbolo. Nova York tem seu Brooklyn e Manhatan. Paris possui o Marais, Quartier Latin, Montmartre. Londres tem seu Soho, West End e Notting Hill. Rio tem Ipanema e Copacabana. São Paulo tem Jardins, Vila Madalena, Freguesia do Ó. Até Curitiba tem seu bairro famoso: Batel. E Buenos Aires? Bom, BsAs possui sim alguns bairros que compõem o seu cartão-postal: Recoleta, Palermo e Belgrano. Diria eu.

No entanto, desconfiando que há uma falha seríssima nesta assertação, quero sugerir que há um outro bairo que deveria entrar nesta lista e vou provar por que acho isso. O bairro, como muitos de vocês já devem ter descoberto (até um macaco treinado com a pança cheia de banana poderia descobrir isso), é nem mais nem menos que o meu velho Caballito. Bairrinho pitoresco, de classe média, com regiões empestadas de prédios e outras quase unicamente residenciais, cheio de velhinhos resmungões andando pela rua, com merdas de cachorros em tudo quanto é calçada (é chic, é imitação de Paris!), com jovens andando pela rua de madrugada sem preocupação (aqui de fato não é perigoso). Sim, essa é a boa e velha Caballito. Mas o bairro de Little Horse não se resume só a velhos e cocôs. De maneira nenhuma. Há muito mais coisas aqui do que as vãs filosofias podem acreditar. Tem guerra de gangues de alunos, tem tiroteio, tem assassinato de polícia em plena luz do dia, tem incêndio, tem assassinato de mulher e dois filhos seguido do suicídio do pai, tem pato-perro, tem os murciélagos...Toda a gama de crimes está disponível aqui no bairro. Mas não acaba por aí não. Ainda existem os movimentos contra as Torres de Caballito, que, para surpresa minha, parecem ser muito mais organizados do que eu imaginava. Não que eu achasse que eles fossem só um bando de pés-de-chinelo velhotas sem ter o que fazer, porque geralmente o são, mas não esperava isso que encontrei hoje. O bando, ou devo dizer cardume?, tem site na internet, promove encontros semanais e ainda dispõe de uns vídeos no VocêTubo com o intuito de tocar nos nossos coraçõezinhos sobre as mazelas do bairro. O meu não tocaram, já que moro no alto (vocês vão entender isso quando verem os vídeos) mas quem sabe o de vocês... E é nisto que jaz o meu argumento comprobatório de que este bairro deveria entrar na lista dos bairros-símbolos de BsAs. Sendo assim, por admiração e por serem um argumento para que bairro onde moro atualmente entre na lista dos símbolos, bato o martelo neste julgamento e mostro as provas que tenho:

1. Blog do cardume, com fotinhos de todos eles sorridentes:

Protocomuna Caballito

Detalhe: algumas das fotos são aqui do lado de casa.

2. Eles no VocêTubo:

Prensacaballito

3. Alguns vídeos deles no melhor estilo reporteiro das 18h na Record!:














Sugerencia del troesma

Um buscador amigo, que reúne todos os outros: Sputtr.



Our freek world

Até poderia ser coisa de japonês, mas não é: Competição de salto.









sexta-feira, 25 de maio de 2007

Totismos

Que porra é um totismo?, deve estar se perguntando você. Pois acalme-se, amável leitor, que lhe direi tudo o que você quer saber. Totismo é uma palavra que inventei eu e é usada para designar as expressões usadas por Toto. E quem, pel'amor de Jesus na cruz, é Toto? Toto, também conhecido como Toto-Bola ou Tommy, é um companheiro de faculdade que tem os mesmos hábitos que eu: usar expressões bizarríssimas, que quase ninguém conhece e poucas pessoas usam, para falar das coisas; adora gírias; e vive criando novas palavras para tudo. Sim, Toto faz isso, e eu também, e por isso somos legais! O único problema dos totismos é que, na maioria das vezes, só são entendidos por dois ou três negos, assim como os magoosismos. Pensando melhor, por dois ou dois e meio, já que conto só como um ao entendê-los. Alguns são até hoje incompreensíveis para mim. Outros já domino. Quase nenhum uso, porque nunca me vêem à mente. ¡Qué lástima! Bom, os poucos totismos que sei até agora são:

tirar a alguien
- levar alguém até algum lugar
clavar
- estacionar
pucho
- cigarro
tranca
- tranqüilo.
pagar los premio
s - cobrar uma dívida de alguém
colgar las zapatillas
- aposentar-se
mac
- carro
poronga
- caralho (não no sentido fálico, diga-se de passagem)
chocho
- vagina

E alguns magoosismos:


cornélio procópio - nossa!

barbina do oeste - nossa!

jesusmariajosé - nossa!

perseguida - vagina

respectiva - namorada

cidadão - alguém

porpeta - nossa!


E, em colombiano, a melhor das expressões para "nossa!":
¡Sopas!



Sugerencia del troesma


Já ouviram falar de Hildegard von Bingen? Pois se gostam de música antiga Hildegarda (isso mesmo, ela é uma compositora mulher!) vaut le coup d'oeil!




Our freek world


Camilonga continua naquela preguiça que nem mais Deus sabe de onde sai, de forma que estou tendo que desatualizá-los com notícias freeks do passado mais longínquo. Agora, se freek é tudo igual, de alguma maneira as freekices devem perdurar no tempo: Um totó de baleia.



Obs.: Como odeio editar os textos nesta merda de Blogger!





Pipes & Fittings

Traduzir é um treco estranho, ainda mais quando é em uma língua que você não domina quase nada e sobre um assunto completamente desconhecido e técnico. À primeira vista, traduzir pode parecer algo bem simples, até simples demais:

O livro está em cima da mesa.
El libro está sobre la mesa.
Le livre est sur la table.
The book is on the table.

Aparentemente, se tomarmos em conta o exemplo acima, traduzir não passa de uma brincadeira de criança. Quase como um jogo de substituição de palavras. Troco "livro" por "libro", por "livre" ou por "book" e tudo está em casa, como manda o figurino. Depois, troco "mesa" por seus sinônimos, mudo os artigos e abraço! Uma simples tradução pode, porém, se complicar com pouquíssima coisa:

Eu me chamo Magoo.
Mi llamo Magoo.
Je m'appelle Magoo.
I call myself Magoo.

Nos três casos de tradução acima, as três frases estão perfeitamente corretas, de acordo com as normas padrões das três línguas, e até se pode dizer que uma pode ser a tradução da outra. No entanto, querer dizer que são boas traduções, aí já é forçar a amizade com o pobre leitor. Para se traduzir, além de levar em conta o velho jogo de substituição das palavras, ainda é preciso pensar na normalidade e recorrência da frase. Em outras palavras, o bom e velho: "Por mais que esteja certa, como é que eu diria isso na minha língua?" Resposta:

Eu me chamo Magoo.
Mi nombre es Magoo.
Je m'appelle Magoo.
My name is Magoo.

Como se pôde ver, muda um pouco, apesar de não ser muito. É então nestas horas que aquele cidadão que fica tirando tatu do nariz lá no fundo da sala diz: "Pô, mas não mudou nada, caralho! As duas versões dizem a mesma coisa". De fato as duas versões têm o mesmo conteúdo, mas não o mesmo valor, o que quer dizer que não dizem as mesmas coisas. Por exemplo: se eu traduzir Eu me chamo Magoo por I call myself Magoo, a pessoa que for ler isso vai entender que o meu nome, ou melhor, apelido, é Magoo, mas vai pensar, logo em seguida, de onde é que eu saí. Quem sabe do nordeste da Nova Zelândia? Quem em sua sã consciência iria dizer uma frase dessas em inglês se não fosse por zoação?

Tendo isto em visto, vamos para a próxima complicação: as palavras que em tese têm tradução exata mas que no fundo não são a mesma coisa. Explico-me: pipe, em inglês, significa, a princípio, "tubo" ou "cano", assim como fitting seria ou "união" ou "conector". E não são estes pares de palavras sinônimos? Segundo os dois maiores pais-dos-burros, sim; na prática, por outro lado, isso já não é uma verdade. "Tubo" é mais para residências e "cano" mais para indústrias, da mesma forma que "união" é mais para casas e "conector" mais para fábricas. E como é que fiquei sabendo disso? Boa pergunta. Perguntei a um amigo da área, que mexe com essas coisas, e ele me explicou que embora sejam sinônimos, uma palavra é mais usada para um caso e a outra, para outro. ¡La re puta que los parió!

Muito bem, Flipper!, devem ter dito vocês, Mas não passam de duas palavras! Bom, imaginem então uma longa série de palavras para os quais tive que descobrir o equivalente na prática:

nozzle - bocal
thread - rosca
piping - tubulação
socket - união
elbow - joelho
bend - curva
tee - tê
red - de redução
cross - cruzeta
niple - nípel
bush - bucha
crossover - curva de transposição
plug - cap
tank adapter - adaptador com flanges livres
flange - flange
seat valve - registro

¡Qué desmadre! ¡Qué quilombo! ¡Qué lío! E será que estou certo nestas traduções? Só vou saber quando alguém comprar um produto pensando que era outro. E é assim que vão sendo feita as traduções!



Sugerencia del troesma

Como tudo neste mundo uma hora é copiado, aqui fica a versão do MSN para o VocêTubo: Soapbox.



Our freek world

Mais uma pérola de Camilonga, que um dia destes, faz tempo já, teve um ataque de freekice e ajuntou milhões de pérolas: Alemão fica escorrega e fica grudado...





sábado, 19 de maio de 2007

Pileta

Toda vez que se começa um curso ou aulas de algo, depara-se com um microcosmo novo, cheio de detalhes. Ter começado a nadar não fugiu à regra. Sim, comecei a nadar. Quem diria, não? Ainda mais porque já fazia uns tantos anos que eu não fazia um exercício físico com periodicidade. O último de que lembro foram os futebinhas mistos de vez em quando no Cachorródromo. Antes disso, só mesmo as jogos de hóquei e os babas batidos ali no campinho da ex-Florestal. E como foi essa volta aos esportes?, devem estar se perguntando vocês. Patética. Não tinha, porque agora já melhorei um pouquinho, fôlego para nada. Nem nadar até o fim da piscina eu conseguia quando comecei. Chegava na metade já pedindo água (água?). Detalhe básico e humilhante: a piscina não tem mais de 20 metros. Economizem os seus comentários porque eu já os usei todos contra mim mesmo injuriando-me.

Hoje em dia já deve estar fazendo um mês e meio mais ou menos, ou quem sabe dois, de que comecei a fazer aulas de natação. Obviamente, como não poderia ser diferente, estou no nível 1, nível para os iniciantes que nem boiar sabem (isso pelo menos eu sabia fazer). E acho que fiz muito certo, não tenho dúvidas. Por mais que soubesse que não sabia nada, achava que algo eu conhecia da lida. Que nada! Nadava tudo errado, com os movimentos trocados. Desastre! Mas, como um bom aluno que sou, dedicado até me encher o saco, fui tratando de aprender o que foram me ensinando.


Antes de continuar brindando-lhes com minhas maravilhosas observações da Pileta de Little Horse, preciso fazer uma ressalva seríssima. Como estou na Argentina e os argentinos, por uma simples questão de costume, falam castelhano, tenho aprendido os nomes das coisas relacionadas à natação em espanhol, de forma que, mesmo que quisesse, não saberia dizer quais seriam os equivalentes em português dos termos que vou empregar. Coisas de quem mora fora. É o mesmo acontece com uma série de coisas de cinema, que sei chamar em espanhol mas não sei em português.


Voltando, então, à historinha para boi dormir, em primeiro lugar aprendi as patadas de espalda. Depois, as patadas de crawl, que são a mesma coisa mas você de barriga para baixo. Aprendi a respirar para nadar (nem tinha idéia de que havia uma maneira correta de respirar quando se nada). Em seguida, com o decorrer das aulas, aprendi a dar brazadas de pecho, de crawl e de espaldas. Nesta semana, o que aprendi foi a tirarme, nado subacuático e patadas de pecho.


No entanto, não são essas coisas que estou aprendendo o mais divertido de ir nadar. De maneira nenhuma. O mais legal é o ambiente, as pessoas e as coisas que acontecem comigo ao ir a la pileta. A primeira delas e a que mais me dá pano para manga em todos os sentidos, tanto muito ruins como bons, é o fato, não-modificável e assaz óbvio, de que não posso entrar na piscina de óculos. Posso e levo os óculos de natação que o Camilo me emprestou, mas elas não têm grau. Sim, senhores, exatamente isso: Mister Magoo à solta na pileta pode ser perigosíssimo. E então como faço eu, um cegueta convicto desde que estava na sexta série, cujos óculos já não são mais utensílios básicos da minha vida mas parte de mim, para me encontrar lá dentro? Confesso que nem eu sei. No primeiro dia, ter que tirar os óculos e me locomover, que fosse dez centímetros, foi uma angústia danada. Sorte que estava com Camilo e fui seguindo a toca verde e amarela dele. Nos outros dias, fui meio que por instinto. Mas o problema maior não está em se locomover. Não, não! O problema maior está em reconhecer as pessoas. Como tenho quase 5 graus de miopia e mais uns quase dois de astigmatismo, me cuesta reconecer a la gente, sí, sí, sí. É, meus caros, tem gente lá que até hoje não sei como é. Pensem que não poder ver já é um suplício. Depois, estar de óculos de natação já diminui em muito a tua visão. Por fim, ver aos outros de óculos e toca, para mim é quase impossível reconhecer os rostros. Hoje em dia meio que sei quem é quem pelo tom de voz, pela roupa que estão vestindo, pela cor da gorra, pelo tipo do óculos, mas não pelo rosto. Infernal! Isso com os "coleguinhas", porque com os professores é pior, já que eles não entram na piscina, fica ainda mais difícil para eu vê-los, dada a distância da água à altura deles de pé na borda da piscina. Confesso que há uma professora que até hoje não sei como é. Já devo tê-la ignorado algumas vezes, porque não conheço o seu rosto, de forma que não duvido que ela pense que eu sou um mal-educado, brasileiro de merda que nunca a cumprimenta. Ela e muitos de meus colegas devem pensar o mesmo. Bom, que posso fazer eu? Não foi uma vez que cumprimentei alguém achando que já conhecia e depois me dei conta que não. Resolvi, então, dada esta dificuldade minha, esperar que as pessoas me cumprimentem. É o jeito.


Os óculos são, sem sombra de dúvida, meus maiores problemas. E, aqui, é necessário fazer outra ressalva. Como algumas das observações que farei são histórias ou coisas da piscina, é preciso dizer que posso estar me enganando, já que confundi uma pessoa com outra, ou tão simplesmente que vi mal e fiquei achando uma coisa quando era outra. Agora, não acho que isso seja um problema. É justamente nestes detalhes que posso estar perdendo que me divirto montando um quebra-cabeça aqui dentro desta cachola expedidora de elocubrações. Se é verdade ou não, tanto faz, o que importa é que a história seja legal, não é?


Levando isto em conta, continuemos com ela. Das minhas idas à piscina, já saquei algumas coisas no ar: a grande parte dos velhinhos (leia-se homens do sexo masculino) que fazem natação individual, procuram sempre pegar uma professora morena (só sei que ela é morena; nem bonita sei se é, já que não vejo una poronga). Hoje mesmo, peguei a raia mais do canto e fiquei do lado da raia de dois velhos que tinham aula particular. Aula particular é só jeito de falar, porque a última coisa que os velhinhos queriam fazer ali era nadar. Sim, senhores e senhoras, garotos e garotas, gatos, cachorros e Mr. Bones, os velhotes estavam dando em cima da menininha, só de conversê, falando para ela entrar na água, perguntando se tinha namorado, se ia sair hoje, se gostava de ir ao cinema. Conversa fiada para boi dormir. Artimanhas que o epa usava para pegar as nonas dos outros. Bando de véio tarado, isso sim é o que são aqueles lá. E, até onde soube, não são os únicos. Tem mais outros que ficam dando em cima desta assediada professorinha. Melhor para ela, que tem alunos de sobra e, se não for boba, tira proveito disso e uma graninha dando aula particular.


Outro causo são as jovencitas de uns 30 anos que fazem natação comigo. Como sempre vou em uns horários estranhos, geralmente faço aula com velhinhos. Até aí, nenhum problema. O problema mesmo são as mulheres de 30 na piscina. Puta merda, que bando de chata. Não sei se porque já estão sentindo que já não são mais novinhas e querem se provar algo, sempre ficam se metendo na frente dos outros na piscina, na hora de sair, ficar reclamando que os mais velhos são lentos e que parecem umas bóias gordas (o que, em alguns caso, é verdade) e que só as atrapalham. Não que, em alguma medida, elas não tenham razão, mas isso não é coisa que se diga em voz alta, não é mesmo. Mamãe ensinou que coisas feias assim a gente guarda para si. Eu me ensinei que só quando se quer espezinhar alguém é que tem que soltar uma dessas. Acho sim é que elas estão precisando ler Balzac!


Por fim, mas não menos importantes, os velhos. Bah!, os velhos. Quase todos são gente finíssima e me cumprimentam sempre. Tem uns até que nadam mais que todos nós juntos. Os bichos não param. No entanto, sempre tem um velho chato (Piper, cuidado que seremos assim quando velhos) que não param de se queixar, de dizer que a água ou está muito fria ou está muito quente, que a bóias deslizam, escapam das mãos, que a densidade da água os impede de mergulhar direito, etc, etc, etc. Tudo papo furado. Porra, se você não consegue fazer algo e vê que é limitado, reconheça, caralho! Não fique reclamando e culpando as pobrezinhas das bóias. O pior nesta história é que é o meu ouvido que é penico.


Mas estas são as histórias de dentro da água, porque há as de fora. Bom, esta que vou contar agora começou dentro mas teve seu fim trágico e patético fora. Estava eu nadando mui tranqüilamente um dia desses, acho que era de manhã, quando entrou um piá na minha raia. Até aí, tudo bem. Perguntei para ele se sabia nadar, já que eu não sabia. Disse que não e perguntou por quê. Respondi que se ele soubesse, eu podia dividir a raia do lado, onde tinha um iniciante como eu, e assim deixá-lo nadar em paz. Disse que não precisava. Fui, nadei, dei umas voltas e quando parei estava ele lá parado na parte rasa. Começou a puxar papo, perguntar de onde eu era (meu sotaque é fortíssimo), disse que o Brasil era demais, que já conhecia sei lá o quê. Bom, como vi que o moleque queria conversar e não nadar, desbaratinei-o e voltei a nadar. No entanto, a cada vez que parava na parte rasa ele vinha puxando papo dizendo que eu nadava bem, que queria que eu lhe ensinasse como fazia isso... Bom, não é preciso ser muito inteligente para saber que se comecei há mais ou menos dois meses é impossível que eu nade bem ou que possa ensinar algo decente para alguém. Foi aí que comecei a desconfiar. Pensei: "Esse cidadão aí é fuboca e está vindo com segundas intenções para o meu lado. Puta merda!" Mas até aí tudo bem. Tiro de letra, pensei. O porém foi que quando fui sair da piscina, o cidadão resolveu sair também. Aí foi que pensei: "Caraio, fodeu!" Para quem ainda não sabe, quando se sai da piscina se vai ao vestiário trocar de roupa. Para isso, é preciso ficar pelado... Bom, já viram de onde a minha preocupação. E pior é que, por acaso (olhem só que coincidência), o armário do filhote de cruz-credo não era perto do meu? Que merda! Bom, o que sei é que cheguei, troquei de roupa o mais rápido que pude e fui embora. Antes mesmo de ele começar perguntar alguma coisa e encetar uma conversa, eu já tinha cascado dali...



Sugerencia del troesma

Para aqueles que sentem faltam do Pandora, que não sei se um dia poderá ser igualado, fica aqui uma rádio via net que é bem boa: Pixie.



Our freek world

Camilonga pôs a égua para dormir, de forma que estou sendo obrigado a desatualizá-los do mundo. Queixem-se com o cidadão que resolveu tirar férias: Cuidado, soluço pode matar.




quinta-feira, 17 de maio de 2007

Pequeño diccionario culinario porteño-portugués

Não há nenhuma dúvida de que para vivenciar uma cultura diferente da sua é preciso imiscuir-se na culinária do país e dar-se ao luxo (e muitas vezes ter a coragem) de provar o que podem lhe oferecer, das delícias às bizarrices, ou, se preferirmos, de las exquisitices a las excentricidades. Tendo estado aqui eu com a visita de minha excelentíssima semsorte (digo "semsorte" porque não tem sorte de ter se envolvido com um chico que mora longe dela; do mesmo modo, eu seria seu "semsorto"!) e sendo eu um grandessíssimo apreciador de qualquer culinária, sobretudo das estranhas, bizarras e excêntricas, o que me faz provar, pelo menos uma vez, de quase tudo, fui levá-la para comer as diversas ofertas deste país maradonesco de onde vos falo. Não sendo ela ainda uma "portenhablante", sempre que íamos comer algo nos víamos na situação de eu lhe explicar o que era cada prato. Em algumas vezes, soube sim dizer o que era cada coisa; em outras, porém, já não. Fiquei a ver navios e dizer "Hum, não sei" muitas vezes. É por isso que decidi montar o primeiro Pequeno Dicionário Culinário Portenho-Português do mundo, o qual logo, logo será vendido em qualquer banquinha de revista do Brasil e aqui da Argentina. Vamos a ele então:

  • alfajor: uma espécie de doce que seria, aproximadamente, duas bolachas com recheio no meio recobertas de chocolate.
  • americano: formato do nosso café de padaria, mas não tão gostoso (o nosso café é bem melhor que o deles).
  • ayuya: pão proveniente do Chile, de formato redondo e massa mais pesada, apropriada para comer com doce de leite.
  • bife de chorizo: equivalente em qualidade e prestígio à nossa picanha, ainda que não a seja; o bife de chorizo seria a parte de baixo das costelas da vaca.
  • bondiola: outro tipo de carne; na minha opinião, no quesito gostoso, vem depois do bife de chorizo, do churrasquito de cuadril e do vacio; a bondiola também pode ser um tipo de jamón.
  • calabaza: uma espécie de abóbora; pode-se pedi-la recheada com queijo port salut.
  • cerveza tirada: o nosso bom e velho chope.
  • chimichurri: molho para carne composto de óleo de oliva, vinagre, tomilho, orégano, alho, cebola, salsinha, manjericão e pimenta-do-reino.
  • choripan: o famoso pão com lingüiça; é basicamente um pão com chorizo dentro.
  • chorizo: nem mais nem menos que a lingüiça deles.
  • churrasquito de cuadril: seria muito aproximadamente a nossa maminha.
  • cortado: nosso bom e velho pingado.
  • dulce de leche: doce de leite.
  • empanadas: uma espécie de pastel, cuja massa é diferente, que pode ser feito ou frito ou esquentado no forno (na minha modesta opinião, o de forno é melhor).
  • facturas: sorte de diferentes farináceos doces, como, por exemplo, a media luna (um dos temas filosóficos das minhas elocubrações).
  • garrapiñada: nosso amendoim doce vendido na rua.
  • habannet: pingos de chocolate com recheio dentro.
  • hamburguesa: o nosso hambúrguer; detalhe que aqui só vem o hambúrguer e o pão.
  • jamón: nosso presunto; detalhe que o deles tem o requinte dos jamones espanhóis, e por isso são deliciosos.
  • kebab: surpreendentemente, kebab, para eles, é o nosso espetinho de carne.
  • lágrima: espécie de café com muito leite e pouco café; é servido com um creme de leite em cima.
  • media luna: apesar da discussão filosófica já empreendida aqui neste brógui, seria o nosso croissant; as medias lunas podem ser feitas ou na manteca (manteiga) ou de grasa (gordura).
  • morcilla: é a nossa morcela ou morcilha; seria basicamente uma lingüiça de tripa com carne de porco e sangue dentro.
  • morcipan: pão com morcilla.
  • pancho: versão argentina do cachorro-quente; a vina é mais comprida e geralmente vem sem nenhum tempero (para quem conhece o cachorrões do Mamá e Paulo, comer um pancho é um ultraje).
  • pebete: antes de tudo, é um tipo de pão, mas também pode ser um sanduíche feito com este pão.
  • picada: uma tábua de frios.
  • port salut: um tipo de queijo cremoso que há aqui.
  • provenzal: molho composto de óleo de oliva, sal, tomate (às vezes não vem tomate), salsinha, pimenta preta e alho moído.
  • rico: expressão em espanhol para dizer gostoso; não se confundam com isso.
  • salsa: palavra usada para dizer molho.
  • submarino: chocolate quente à la belga, ou seja, trazem o leite bem quente e um tablete de chocolate a ser posto dentro do leite e derretido aí.
  • tostado: uma espécie de pão com queijo e presunto feito no tostex.
  • vacio: outro corte de carne argentino sem equivalente muito claro em português; é muito bom, mas não melhor que o bife de chorizo.

Observação pertinentissimamente comercial: em breve será lançada uma versão deste dicionário em francês, traduzido por mim mesmo, sob o nome de Petit Dictionnaire Culinaire Portuaire-Portugais.


Sugerencia del troesma

Liaisons Dangereuses. Divirtam-se ouvindo isso.



Our freek world

E tem gente que ainda duvida que Jesus ressuscitou: malásio fora-da-casinha.




quarta-feira, 16 de maio de 2007

El Llanero Solitario

Praticamente um Zorro, o Llanero Solitario é um personagem de filmes que remonta ao nosso amigo mascarado. Tem seu cavalo, usa sua máscara, é um herói, toda aquela baboseirada típica do Zorro.

Não obstante, o Llanero Solitario também é uma imagem, como seu próprio nome diz, daquele que leva sua vida sozinho, assim como nosso amigo Chuck Norris em muitos de seus filmes ou como a idéia de lobo solitário (referência a Bergman e Hesse). Bom, sabendo disso, qual seria a primeira imagem que nos viria à mente se parássemos para pensar um pouco no nosso Llanero Solitario? Seria uma imagem de um cavalheiro que erra sozinho, tão-somente acompanhado de seu cavalo, por supuesto seu melhor amigo, que vai de lugarejo a lugarejo com o intuito de levar sua vida viajando e, justamente por isso, deparando-se, a cada rato, com aventuras e mais aventuras.

Este que vos fala tem, pois, passado seus dias de Llanero Solitario. Não que eu esteja indo de lugarejo a lugarejo, mas, à minha maneira, estou tendo as minhas aventuras. Meu fiel companheiro (serei eu seu escudeiro ou será ele meu escudeiro?) foi-se por uns dias, minha amada consorte (ou, como diria Pessoa Piper Zunga das Arábias Sauditas, minha "semsorte"), depois de vinte dias de lua-de-mel comigo, também se foi e fiquei eu solitário aqui em Little Horse. Ficamos eu, meu computador, a televisão, Natasha (que num destes dias quase foi desta para uma melhor; que Deus continue não a tendo), meus livros e o pato-perro, que anda ausente. Imagino eu que andou migrando. Os patos fazem isso, não fazem? Os cachorros não. Hum... Em que dilema deve estar o pobrezinho!

Voltando ao prato de lentilha quente, ficamos eu e meus amigos imaginários a ver navios, ou melhor dizendo, a assistir séries enlatadas e a ver o tempo passar. Quando Camilonga se foi, não senti tanto, já que minha adorada semsorte estava aqui comigo. Agora, quando ela se foi, foi o baque das duas ausências ao mesmo tempo. Neste dia, fiquei meio como peru em galinheiro, sem saber muito o que fazer nem para onde ir. Fui à aula, voltei e não encontrei ninguém para conversar. Ninguém a não ser esses muñequitos que se movem na tv a quem insistimos chamar de gente. Que fiz eu então? Refugiei-me, mais uma vez, neles próprios. Não teve jeito. Fiquei vendo tv, programa atrás de programa, zapeando sem rumo, mais uma vez como peru em galinheiro. No dia seguinte, uma terça-feira, quase a mesma coisa, à exceção de que à tarde fui fazer um trabalho de faculdade com uns amigos. Voltei para casa, fui nadar (sim, agora também tenho meus amigos peixes), voltei para casa de volta e fiquei, mais uma vez, a ver meus amigos muñequitos na caixa quase quadrada que solta luz e som.

Minha semsorte e meu companheiro de batalhas e presepadas mil me ajudaram, ainda que a distância, mesmo que via net, a espantar as suas ausências físicas e a transformá-las em presenças ausentes. Tanto me auxiliaram que já começo novamente a decodificar o mundo a minha maneira novamente. E como? Sentindo prazer em comer sozinho. Não que tenha sido um rango qualquer, não, mas foi sozinho, ao som da televisão. O menu teve tudo que me pude oferecer de melhor: macarrão integral ao alho e óleo com champignon, azeitona, alcaparra, cebola e dois tipos de queijo (port salut e prato ralado), regado a um vinho de uva Tempranillo e um copo de água com gás. Como sobremesa, um café Mococa expresso, cortado com uma pitada de açúcar diretamente na cafeteira, e um alfajor Havanna. Para terminar, sentei-me na varanda, no solzinho, lagarteando, curtindo a vista e ouvindo a televisão (sei, sei, mas que posso fazer?).

Sei que muito provavelmente o Llanero Solitario não tem como se dar a todos estes luxos. Mas por que não comemorar também quando se está sozinho, comemorar justamente o fato de que se tem algumas ausências? Pior aquele que nem a ausência de outras pessoas tem.



Sugerencia del troesma

Para quem gosta de vocal feminino meio lounge-jazz, propício para ficar conversando com os amigos ou no bem-bom com a namorada, Beth Orton é uma boa pedida.



Our freek world

Caballito definitivamente é o centro do mundo. Não tenho mais dúvidas disso. Tem de tudo aqui: greves, brigas de gangues, manifestações contra os edifícios, incêndios, morte de policiais e, agora, assassinato no melhor estilo crimes passionais da tv: Homem mata mulher, dois filhos e se suicida.



media luna = croissant = croaçã?

Cuando uno se ve en... Este post eu bem que queria começar assim, mas não posso porque a frase está em outra língua, um idioma que não é o meu e que venho tentando domar aos poucos ao longo destes onze meses que estou aqui.

Cuando uno... Olha ele aí outra vez se metendo no meu texto. Djanho, mil vezes o fio do Satanás! Bom, quando se está em outro país, no qual não se fala a tua língua de origem, no meu caso o meu amado português de Camões e Guimarães Rosa, você se vê submetido, subjugado, sujeito a viver uma vida diferente não só por conta dos lugares diferentes que te rodeiam, mas também porque a língua que os compõe os faz serem interpretados distintamente. Não basta saber que uma media luna é uma espécie de croissant, tem-se que saber também que com ela vêm el mesero, la mesa, la silla, el cafecito, el tostado, la propina, el "nos cobrás", etc. É disto tudo que a media luna é composta. E de muito mais. É por isto que cuando uno... (de novo, de novo!) se encontra em outro país, vivendo a sua vida através de um outro prisma, que tudo parece que toma uma nova cara. Aquilo que tantos filósofos e escritores dizem, que a linguagem determina o mundo que vemos, toma forma nestes momentos e te faz entender aquele conceito que muitas vezes ficou na sua cabeça sem ser entendido (Platão tinha razão: para se entender algo, tem-se que sentir esse algo com a barriga). As pequenas tarefas se transformam em algo muito distinto ao serem feitas em outra língua. A percepção muda, a sensibilidade muda, os critérios mudam. As mínimas coisas tomam outros valores, outros significados.

Sim, os famosos significados. Aquela coisa que para nós é um croaçã, para os franceses é um croissant e para os argentinos, uma media luna. No entanto, é tudo isso a mesma coisa? Alguns, tentando responder a esta pergunta, diriam que não porque foram feitos de maneiras diferentes, com ingredientes diferentes, em resumo, que o preparo é diferente. Se tivermos isto tudo em conta, de fato uma media luna é uma coisa, ao passo que um croissant é outra. No entanto, se fizermos um teste e trouxéssemos à Argentina um croissant diretamente saído de um forno francês de uma boulangerie, é bem possível que um argentino, ao vê-lo, diria, no mesmo momento, que é uma media luna. Quem sabe nem se dignaria a observar com atenção, já que para ele o fato de aquela coisa ser uma media luna é óbvio. Outros, repensando nosso experimento, diriam, no ato em que sugeri esta teoria, que o fato de um argentino responder que o croissant é uma media luna não faz do croissant uma media luna. E sou obrigado a concordar com estes outros: o reconhecimento da similitude não faz com que duas coisas sejam a mesma, ou, em termos filosóficos, que dois entes tenham o mesmo óntos. Uns terceiros, por outro lado, vão dizer que sim são a mesma e única coisa o croissant e a media luna. Justificam isso dizendo que se é a linguagem que os faz serem o que são, a mesma linguagem tem o poder para dizer que de fato são a única e mesma coisa.

Neste momento, o pobre leitor, que já deve estar ficando com sono, pensando em parar de ler este post maldito e ver as notícias em outro site ou quem sabe ver um pouco de putaria na internet (não seria uma má idéia), deve estar se perguntando ¿A qué vas vos con esto? Para ser bem sincero, não vou a nenhum lugar (o intuito estético não é te levar a algum lugar, e sim te fazer ficar no mesmo contemplando o objeto estético; sim, não se enganem: por mais que pareça que não, este post em especial tem um intuito estético, e o tem desde o momento em que eu decidi que tinha!). Continuo sentadinho na silla (ou será cadeira, ou então chaise, ou então chair, ou então o que for...) do Camilo, da qual me apoderei nos últimos dias, ouvindo uma musiquinha e pensando em como vou continuar este texto-reflexão-passatempo (sim, estou conseguindo fazer com que o seu tempo passe única e exclusivamente porque, mesmo se você não quisesse, o tempo passaria da mesma forma; agora, se você está gostando do texto, bom, isso já é um bônus que você se deu a si mesmo; não me agradeça, e sim agradeça-se a si mesmo).

Pois deveras. Tanto não vou a nenhum lugar que não fui e continuo sentado, pensando no que dizer, apesar de já saber (a eterna busca daquele que quer dizer algo e não sabe como fazê-lo). É por isso que a famosa frase de que não se pode traduzir nada é verdadeira, ao mesmo tempo, no entanto, em que também é verdade que tudo é traduzível. Será então que as medias lunas são a mesma coisa que os croissants?

Detalhe básico: por mais que se pareça a uma media luna, eu procurei pelo nome de croissant...



Sugerencia del troesma

Para quem gosta de Mogwai, Sigur Rós e Notwist, Gregor Samsa será uma boa surpresa.



Our freek world

Camilonga nos brindou com esta maravilhosa excentricidade: Casa palito.



segunda-feira, 14 de maio de 2007

Para morrer, basta estar vivo

Já dizia a velha frase, sábia, que "Para morrer basta estar vivo". Ou, outra, que "Viver é perigoso". E de fato!

Nós nos automatizamos tanto no nosso dia-a-dia, no acordar, ir mijar, tomar banho (passo fundamental não compartilhado pelos argentinos, diga-se de passagem), tomar café-da-manhã, vestir-se, ir trabalhar, almoçar, voltar ao trabalho e voltar para casa que muitas vezes, quando não sempre, perdemos o sentido do que é a vida e do que é estar vivo.

Quando então algo acontece conosco que nos faça sair desta rotina, isto nos deixa perturbados. Faz-nos repensar. Se este algo é quase mortal, ainda mais. Imagine-se sendo atropelado e vendo a vida passar diante dos olhos em uma fração de segundos. Ou então imagine perder o controle da bicicleta em uma descida e sentir que sua hora chegou. Agora, o pior que pode acontecer, talvez, seja deparar-se com tudo isto, sentir a própria pele esfriando e, do nada, morrer, e depois ressuscitar.

Pois isso aconteceu na segunda-feira passada. A vítima? Eu? Não, felizmente. Camilo? Também não, por suerte. A vítima foi, pasme, Natasha, nossa querida Natasha. Para aqueles mais incautos, Natasha não é mais nem menos que nossa queridíssima geladeira guerreira. Sim, dizer que ela é querida é uma obrigação. Dada de presente via esquematizações mil da Abuelita, por si só ela já é querida. Depois, ser velhinha, já uma geladeira idosa, e funcionar como funciona, para poucos. No mais, dizer que ela é guerreira é quase uma redundância: ter sido usada durante mais ou menos uma década pela antiga dona, ter suportado mudanças e o caralho a quatro, vir para nossa casa... Agüentar os maltratos de dois piás de bosta, tem que ser guerreira.

No entanto, mesmo com tanto brio em sua pequena alminha de geladeira, Natasha quase bateu as botas. Para ser mais sincero, teve um infarto e ficou por horas tida como morta. Pobrezinha. Quando pifou, por momentos achamos que era a tomada, que tinha quebrado. Fui na ferretería comprar uma nova, troquei e nada. Depois, achamos que tinha sido porque tínhamos desligado o termostato dela, o que nos tinha sido indicado para não fazer. Fui falar com um técnico de geladeiras, expliquei-lhe sua história de sofrimentos e... Bom, só faltou o cidadão dizer que éramos uns irresponsáveis por não termos trocado não sei o quê não sei quando. Deixei-o falando até que consegui marcar uma consulta de médico para a nossa Natasha. E mais, o médico ainda vinha em casa. Ficou para o outro dia.

Nesta noite, uma série de preocupações. Como vamos fazer com as coisas que estão dentro da geladeira? Será que vão estragar? Será que o leite vai azedar? Será que a geladeira vai chegar a descongelar por completo? Será que teremos a cozinha inundada pelo desgelo? De fato uma série de preocupações rondando nossas cabeças.

Quando, no calar da noite no mesmo dia em que ela infartou, me levantei para tomar um copo de água, vejo, incrível, Natasha ressuscitada, vivinha, novamente a toda funcionando e criando gelo pela culatra. Um pontada de felicidade neste peito de brazuca preocupado com os 120 pesos de conserto do dia seguinte.

Resumo da história e moral do dia, se Jesus pode ressuscitar, por que nossa geladeira também não pode?



Sugerencia del troesma

Paul Auster. Mais nada a dizer. O cara é foda. Já li Trilogia de Nova York, Crônica de fracasso precoce e agora estou lendo Timbuktu. Está sem dúvidas entre os melhores de hoje em dia.



Our freek world

Essa é do arquivo camilonguês: Detentos fogem vestidos de mulher.




sexta-feira, 11 de maio de 2007

Camilo Empreendimentos

Queridos Amigos,

É com grande satisfação que compartilho com vocês o nascimento de novo e próspero negócio, a Camilo Empreendimentos!

Com sede no portenho bairro de Little-Horse (Caballito), proximo ao Parque Centenário e em frente da parada do já famoso e temido 42, a Camilo Empreendimentos atende a todos os ´lidades´ de uma empresa moderna: agilidade, adaptabilidade, flexibilidade, mobilidade e polifuncionalidade!!!

Esperando contribuir para um mundo melhor num futuro e pagar as contas atrasadas num presente imediato, se despede de vocês com um cordial "abração"

Camilo Werner González
Sócio, Gerente e Estagiário



Obs. do Magoo: Não me responsabilizo pelos crimes gramaticais deste cidadão acima.
Obs. 2 do Magoo: "¡Qué chanta, qué chanta! El flaco se crea una empresa y después se va del pais", dijo la Nena sobre las oscuras actividades de este chavón conocido como Camilonga.




segunda-feira, 7 de maio de 2007

São tudo um bando de...

Não só aqui na Argentina mas em qualquer outro lugar a que já fui, se você ouve dois nativos conversando sobre o Brasil, impreterivelmente ouvirá alguns chavões, tais como:

1. Brasileiro é tudo alegre, tudo para cima, sempre dando risada;
Se compararmos com a sisudez alemã, não há dúvida.

2. Os homens brasileiros são não são nem lindos nem feios. Fato é que são todos mulherengos e cafajestes com as mulheres;
Muito lindo não sou. Tampouco muito feio. Mulherengo não me considero nem cafajeste, apesar de reconhecer que muitos o são.

3. Mulher brasileira é tudo bunduda e meio p...;
Que são bundudas nem se cogita dizer que não. Que são p..., nada a dizer. Escrotice gringa.

4. No Brasil há sexo fácil por todos os lugares;
Outra escrotice gringa. Sem comentário.

5. Brasil é igual a praia, sombra e água fresca.
Balela pura. Coisa para inglês ver. Se tem praia, sombra e água fresca para alguém, é porque tem outro trabalhando duro debaixo do sol de rachar o coco.

Isento-me, porém, de fazer qualquer declaração sobre os meus comentários acima. O importante é saber que estes lugares-comuns existem e que eles são nossos. Por outro lado, sofrer generalizações deste gênero não é um privilégio tupiniquim. Todo nativo, de qualquer país do mundo, padece disto. Vejamos, por exemplo, os franceses, que tão bem conheço:

1. Francês não toma banho;
Muito limpinhos não são mesmo.

2. As mulheres francesas são feias e sem-graça;
Concordo em gênero, número e grau.

3. Os homens são lindos e fiéis;
Que são bonitos, até são. Fiéis, aí já não sei. Os que conheci diziam que eram.

4. Francês fede a queijo gorgonzola;
Isso não mesmo. Podem não tomar banho, mas feder a gorgonzola é maldição, diz aí.

5. Os franceses são românticos porque a língua francesa é encantadora.
Veadagem à la ursinho carinhoso.

Bom, a lista segue e continuo isentando-me de fazer qualquer comentário sobre meus comentários. Importante mesmo era só deixar claro que também os franceses sofrem o que sofremos. Sendo assim, por que não elencar os chavões generalistas relacionados aos argentinos?

1. Todo argentino acha que o Maradona é melhor que o Pelé;
Verdade, ainda que o Pelé seja melhor que o Maradona.

2. Argentino que é argentino gosta de carne;
Verdadeiríssimo. O povo que gosta de bife de chorizo. Aliás, segundo a nossa última visita, que ainda está nos visitando, Buenos Aires cheira a churrascaria.

3. Os vinhos argentinos são deliciosos;
A mais pura verdade. E acrescento: são baratos.

4. As argentinas são lindas;
Concordo e discordo. Explico-me: sim, são lindas de rosto, lindas demais; sim, são peitudas, muitas vezes até demais; não, não têm bunda nenhuma; desconhecem o significado dessa palavra (bunda definitivamente é produto nacional). No mais, é preciso dizer, mesmo debaixo de inúmeras vaias, que elas não são limpinhas, nem eles. Não lavam o cabelo, não trocam de roupa, não escovam os dentes... Nojentice mesmo.

5. Argentino é tudo ladrão.
Não sei se todos são, mas a metade com certeza o é. Ô povinho que gosta de tirar proveito dos outros!

Preconceitos à parte, a última atestação nos leva ao assunto de hoje: chorreo. Ou, para os incautos não conhecedores da língua hispânica falada neste canto do mundo, "roubo". Pois bem, fato é que este brazuca que vos fala, mesmo tomando todo o cuidado do mundo, mesmo sempre de olho em ladrões, mesmo bisoiando tudo quanto é gente estranha, foi roubado. E de maneira patética.

Estava eu com nossa visita trocando dinheiro. Faltava para o cafezinho. Entramos na casa de câmbio, demos o dinheiro, pedimos em troca a soma equivalente em pesos, tirei o celular para, com a calculadora, verificar se a conta estava correta, e... sumiu-se o celular. Acho eu que o deixei no guichê esquecido. Saímos, fomos ao café, pedimos e estávamos conversando. Quando ouço um som estranho, penso: "É o meu!" Fui olhar, onde estava. Procurei, procurei. Me vasculhei, para não dizer de outro jeito: "Carai, deixei-o lá na casa de câmbio. Vou lá buscar." E acham que estava lá? Claro que não! E acham que alguém, mui amavelmente, encontrou-o e o deixou com o guarda? Possível. E acham que o guarda, honestamente, devolveu-o? Claro que não. Neste encontra-e-passa, já foram três pessoas, e uma com certeza tinha que ser chorro. Por que digo isso? Porque, quando voltei perguntando pelo meu celular, encontrei o mesmo guarda com atitudes e trejeitos muitos estranhos, nervoso demais para quem só devia responder umas perguntas sobre um celularzinho. No dia seguinte, voltei lá e perguntei mais uma vez, casualmente ao mesmo guarda. Não sei como, lembrava-se de mim, do meu rosto, do meu caso, que tinha perdido o celular. Estranho, muito estranho. Geralmente aqueles que trabalham em locais assim de intenso tráfego de pessoas, nunca se lembram das que foram, vieram e passaram por lá. Vai saber. Já aceitando a perda, tratei de espantar o mau humor e arrumar outro, o que já tenho, e com o mesmo número.

Mas então, será que algumas generalizações chegam a ser verdadeiras? Que Maradona nos responda, não?



Sugerencia del troesma
Se você ainda guarda alguma coisa de criança dentro de você, vá, que não vai se arrepender: Planetario de la Ciudad de Buenos Aires.


Our freek world
Vê se pode uma coisa dessas?! Coisa de japonêro!





sexta-feira, 4 de maio de 2007

Meu querido 42


Tenho aula às 8h30. Para chegar a tempo, acordo às 6h45, tomo um banho, tomo meu café-da-manhã, ajeito umas últimas coisas e vou para a fila do ônibus. ¡Si, es todo um tema! Chego lá às 7h45, já um pouco atrasado para quem deseja estar na aula às 8h30 saindo de Caballito

Mais ou menos às 7h55 começo a me impacientar. Saí de casa atrasado e me dou conta de que não vou conseguir chegar de maneira nenhuma no horário. Falta no primeiro quarto da aula com certeza.

Às 8h05, o desespero começa a se tornar um Golias. Já são 20 minutos esperando na parada do ônibus, debaixo de chuva, e nenhum ônibus que tenha passado.

Às 8h08 passa o primeiro, cheio, o qual não pára.

Às 8h11 passa o segundo, também lotado, e passa incólume.

Às 8h15 passa o terceiro, mais apinhado de gente que os dois primeiros, e passa sem nem se dar ao luxo de ver quantas pessoas estão na parada esperando. Só para constar, somos 23 na fila, contados um a um.

Às 8h20 me canso de esperar e decido mudar o itinerário. Vou para o concorrente, que geralmente sempre dispõe de mais ônibus e que vêm menos cheios (o que não significa dizer vazios). O único porém é que me deixa umas 6 quadras mais longe. Dirijo-me à parada e espero. Não dá 5 minutos já vem um: cheio. Mais 5 minutos, vem outro, também lotado. Penso, com o perdão da palavra: “Puta que pariu!”.

Por volta das 8h35 volto à parada do 42, localizada na mesma quadra.

Mais 10 minutos e passa outro 42. Cheio ou muito cheio?

Mais 3 minutos passa outro. Nem diminui a velocidade.

Em outras palavras, eu, que já estava tentando pegar o 42 há mais de uma hora, decido ir embora. Ponho o pé na rua, ameaço atravessar e não consigo por conta do trânsito. Olho para o lado e vejo, ao longe, o qüinquagésimo ônibus do dia. Minha preguiça me diz: “Vá embora, largue mão!”; meu instinto, do mesmo lado, corrobora: “Tenho certeza que você não vai perder nada. Vai vir um 42 lotadíssimo, cheio de gente, você vai ter que viajar mais de meia hora em pé. O de praxe”; minha razão, não obstante, sempre serena e cruel, me diz: “Tenta este. Se não parar, é praticamente uma mensagem divina te dizendo que você não deve ir para a aula hoje por algum motivo. Se parar, fodeu-se!”.

E pára, e subo, e me ensardinho.

Trinta e cinco minutos depois, desço no meu ponto e vou para a aula.

...

...

...

Se pensou que isto terminou, muito se enganou. Lamento informar, porque há a volta.

Sim, a volta. Porque só regressa quem parte. Maldita frase esta minha. E de fato tenho que voltar. Ora, uma hora eu tinha que voltar para casa, não é? Saio da aula, ainda de mau humor por ter tomado mais de hora de chuva e ter esperado o meu querido 42, e caminho em direção ao inevitável: a parada do dito cujo. Begezinho, meigo, linda lata de sardinha.

Chego à parada habitual na qual tomo o 42 para voltar, encontro uma baladinha aí: umas 15 pessoas esperando, reclamando da demora, a maioria idosos. Decido caminhar em direção a uma parada anterior, onde normalmente está menos cheio.

A fila da parada anterior está tão grande quanto da outra.

Decido caminhar até a anterior a esta. Ninguém na parada. Espero 20 minutos e nada de o 42 dar o ar da sua graça. Penso: “Por que não descer até a Luis María Campos e tomar o concorrente lá, de número 55, que vem vazio do terminal inicial?” Ótima idéia. Desço mais duas ruas (já caminhei, nisto, umas 8 quadras), entro na fila (como não poderia haver fila para pegar um ônibus em uma cidade como Buenos Aires?) e subo. Finalmente!

Uma hora depois chego em casa. São 13h45!


Sugerencia del troesma

Maravilhosa!



Our freek world

À imitação de Terminal, temos o nosso refugiado da Somália.