quinta-feira, 8 de julho de 2010

Nostalgia

Viajar, em geral, não é nostálgico. Você conhece tanta gente e se move tanto a toda hora que acaba não sentindo mais o peso, e valor, das despedidas. É como se conhecer e despedir-se fizessem parte da viagem, o que é mais que certo. 

No entanto, há vezes que o contrário é verdadeiro, especialmente quando o fenômeno "família" acontece. Camilo e eu chamamos "família" ao fato de criarmos um grupete de amigos (entre cinco e dez) que compartilha da mesma vida durante alguns dias. Tivemos uma "família" em Punta Arenas, no Navimag, no Atacama, em Tilcara, Potosí, Sucre, Arequipa, Montañita, Quito, Taganga, San Blas, Panamá City, Bocas del Toro, Ometepe, San Juan del Sur, Granada, Antigua e agora em San Cristóbal de las Casas. 

Esta última foi que me fez escrever este post. Compunha-se, porque já se separou, de três espanholes, estes dois brazucas que vos falam, e de uma suíça. Respectivamente: Don Siba, Dani Pasmarote, Tique Taca, Paquita, Magoo e Cíntia. Desde o primeiro dia em San Cristóbal já conversamos e de aí saiu cafés da manhã, almoços e jantares juntos, bem como passeios, uns tragos em bares e longas conversas na sala esperando que a chuva parasse, o que nunca aconteceu.

No nosso último dia juntos, combinamos todos de ir assistir um filme zapatista e jantar juntos. À janta acabou se somando mais gente à grande família: mais duas espanholas, uma alemã que já conhecíamos e um italiano do hostel. Não carece dizer que as conversas era uma torre de Babel impressionante.

Detalhes à parte, a manhã das despedidas (Tique Taca indo para Guatemala, Don Siba e Pasmarote para Palenque, nós dois indo para Oaxaca) deixou no ar uma nostalgia que há algum tempo não sentíamos. É como se o fim, que sempre está presente, deixasse sua marca indelével: viajantes, não esqueçam que tudo nesta vida acaba.

Inclusive nossa viagem...

Em algumas semanas partiremos para a segunda parte da nossa jornada: Europa-Rússia-Norte da África. Mais que uma mudança ou uma etapa cumplida, é o gosto do fim que se deixa ver. Esta viagem vai acabar, senhores, e depois a vida continuará. Como? Nós não sabemos, mas de alguma maneira com certeza ela continuará.

À espera então do que a vida nos aguarda...

Saludos nostálgicos desde algum lugar que pouco importa onde, pois se algo que sempre levamos conosco são nossos sentimentos.


Um comentário:

O presepeiro disse...

Saudades, amigo. A nostalgia não é só de quem viaja não! Abraço para você e para o Camilo. Rafa.