quarta-feira, 1 de julho de 2009

Uruguay Trip 9

Por sorte, graças aos tantos copos de água que tomei antes de dormir, acordei sem ressaca. Não sei se posso dizer o mesmo do meu companheiro de viagens.

Mereço uma coisa dessa?
Mereço uma coisa dessa?
Tomamos café-da-manhã, demos uma volta na praia e nos despedimos do casal uruguaio que há dias vinha nos hospedando como reis. Além do asado, ainda tinham nos servido bons vinhos, cervejas, arepas, dulce de leche e outros quitutes mais.

Despedindo-se de Santa Lucia
Despedindo-se de Santa Lucía
Seguindo a sabedoria daquele ditado italiano (Visita é como peixe: depois de três dias começa a feder!), pusemos todas as nossas coisas no porta-malas do Gonza e fomos para Punta del Este sem quase nenhuma parada, à exceção do almoço. Pegamos a UY e deixamos o Gonza nos levar susse like musse.
Um pouco antes da curva de Maldonado, de onde se vê pela primeira vez Punta, deixamos de ver um dos lugares mais bonitos do Uruguai: Punta Ballenas. Por sorte, dias depois, acabamos indo lá sem querer.

Vista de Punta del Este
Vista de Punta del Este
Chegando em Maldonado, diminuímos, pois, o ritmo e entramos em Punta com todo o estilo que o Gonza nos permitia. Em Punta, para aqueles que nunca foram, um carro do quilate do Gonza é quase uma afronta à frota nativa. Aliás, chegar de A4 lá já seria um improbério automobilístico. Para uma cidade cujos táxis são 90% Mercedes e 10% Volvos, nós estávamos vindo praticamente de bicicleta (e não entendam isso mal). Mas como nas coisas mais "antigas" (nada contra você, Gonza!) sempre há aquele ar retrô estiloso, estufamos o peito e rodamos não qual reis, mas qual príncipes.
Sem rádio, carro sujo e com o Camilo de chapeuzinho de porco, ainda assim tivemos a audácia e pachorra de ir buzinando e saludando os Porsches, BMWs (muito provavelmente carro dos mordomos), X7s e Captivas (dos jardineiros). Somos pobres, mas somos gentis!
Muitos, para não dizer quase todos, simplesmente nos ignoravam.

La mano de Punta
La mano de Punta
Em Punta tínhamos reserva para o hostel 1949. Embora de boa localização, por algum motivo misterioso levamos quase 1h30 para nos situarmos na cidade e finalmente acharmos o hostel. Mesmo com mapas e o GPS mental do Camilo (que, senhores, não serve nem para ir até a padaria), só fomos conseguir descobrir como chegar ao hostel quando paramos na rodoviária e perguntamos pela rua.

Hostel 1949
Hostel 1949
Fizemos ckeck-in e fomos apresentados ao nosso quarto e às nossas camas. Digo isso porque quero ser otimista. Não sei até que ponto pode-se chamar aquilo de quarto. Nove camas amontoadas umas sobre as outras, com malas por todos os cantos, a tal ponto de não se poder transitar sem pisar na roupa largada de alguém. As malas faziam concorrência à muralha da China. Os roommates, um mais estranho que o outro.
Além de uma alemã enorme estranhíssima, tínhamos em nosso quarto um israelense (os israelenses são muito estranhos) que estava viajando pelo mundo visitando todas as hidrelétricas que podia. Já tinha passado pelo Brasil e conhecido Itaipu. Fora esse mote bastante peculiar de viagem, ainda tinha como tema de conversação o fato de estar morrendo de saudades de Israel. E isso que fazia dois meses só que estava viajando. Por fim, uns tantos cariocas, que serão protagonistas do relato de amanhã.
Se é que é possível dizer isso, nos instalamos, tomamos banho e descemos para interagir com a galera. Engatamos conversa com um grupo de cariocas (o do quarto). Ao mesmo tempo, fui trocando uma idéia com uns uruguaios enquanto todos tomávamos mate. Por fim, um grupo de paulistas entrou na conversa e ficamos lá chilling out com toda essa muvuca. Sim, éramos legião.

Bar do hostel
Bar do hostel
Cerveja vai, cerveja vem, estávamos todos já bastante "alegres" fazendo o esquenta antes de sair. Os cariocas, todos sedentos de balada poptchains, estavam fazendo hora para ir a uma boate cuja entrada era US$50,00 (50 dólares!). Os paulistas e nós decidimos que R$150,00 para entrar num lugar era muito caro e fomos a uma baladinha grátis que havia pelos lados do píer. Quem me conhece sabe que eu nunca pagaria R$150,00 para respirar os ares e ouvir tunts-tunts bate-estaca. Juntaram-se a nós uma outra paulista perdida, um australiano¹ e uma boliviana e fomos todos caminhando (para quê gastar com táxi) rumo ao píer. Tinha também uma curitibana por lá, que disse que ia mas no final nem se dignou a dar explicações. Mas como é curitibana, ninguém se incomodou. A chance de encontrar uma curitibana que não seja metida é ínfima!
Antes de contar da baladinha, tenho que confessar que para mim a parte mais legal da noite não foi a balada no píer, mas o esquenta no hostel. Conheci mais gente, me diverti mais. Se, ao invés de ter seguido com a turba às 2h, tivesse ficado dormindo, já teria ficado satisfeito.

El muelle
El muelle
De qualquer forma, fomos. No caminho, já fiquei amigo de um paulista que tinha os mesmos ares velhos que eu (resmungão, reclamando da juventude) e assim fui me sentindo mais em casa. Camilo, naquele estilo pacotillero de sempre dele, estava tocando o terror e dançando ante qualquer cumbia que encontrava pela rua. Chegamos à tal baladinha empolgados, mas logo perdemos o ímpeto ao entrar. Cheiíssimo, bebida cara e péssima música. A galera, em meio à situação periclitante em que se meteu, até pensou em desistir. Mas acabamos entrando em um bar que prometia salsa e de que salsa não teve nada. Não fossem duas bartenders deusas gregas, pelas quais me apaixonei, mais uma vez, à primeira vista (confesso que foi uma das primeiras vezes que me apaixonei por duas ao mesmo tempo!), a noite não teria sido de total inutilidade. Mas como uma era mais gata que a outra, as coisas tomaram outra cor! Meu pai do céu, que aquelas mulheres eram gatas! E a balada, que para mim sempre foi de ficar no balcão conversando, continuou sendo só balcão. E se é no balcão que elas estavam, foi no balcão onde fiquei! Os outros que fiquem por aí dançando e dando rolê.
No entanto, meus ouvidos não são penico! Como as duas barwomen não quiseram fazer um ménage à trois comigo (risos), fui embora porque não agüentava mais ouvir aquele bata-estaca ensurdecedor. Camilo ainda ficou presepando e cantando músicas dos anos 80 com alguns paulistas.
Quando cheguei no meu quarto, só a alemã e o israelense dormindo. E os tantos cariocas, onde estavam? Bom, isso seria uma coisa que eu acabaria descobrindo quatro horas depois...

¹ Esse australiano ficou conhecido entre nós como o Fucking no bueno por ter respondido assim à pergunta de se era bom ou não o lugar a que estávamos indo.
Obs.: Foi ao me sentar para escrever o relato do nono dia que me dei conta de que não tinha nenhuma foto de Punta, à exceção da mão. Talvez preguiça minha de tirar fotos, talvez porque não tenha gostado tanto... O fato é o dia 9 ficou órfão de fotos. Reconheço.

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