domingo, 28 de junho de 2009

Uruguay Trip entredias

Mas antes de contar o Natal com a Abuelucha, uma história fúnebre há de ser narrada. Com mortes, assassinatos e até suicídio. Por que não?
UYtrip, quarto dia, ei-nos dirigindo pelo noroeste do país. Melhor dizendo, quem estava na boléia era eu. Findo o turismo pelos arredores de Tacuarembó, pegamos, como vocês já bem sabem, a estrada para Paysandú. No caminho, dos dois lados da UY, paisagens de rótulo de doce de leite, vacas e alguns rebanhos esparsos de eucaliptos.
Gonza sossegado, Camilo no banco do passageiro já quase babando de sono e eu dirigindo tranqüila e calmamente. Até aí tudo normal. Mesmo sem rádio, não estava entediado nem nada. Ia pensando na viagem, na vida e na morte da bezerra, que tinha falecido havia uns dias.
Quando me passou pela frente do carro um passarinho, parecia uma rolinha, e deu com tudo contra nós. Não preciso dizer que o passarinho deve ter morrido. Meu reflexo foi freiar o carro e tentar desviar. Em vão. Camilo, com o susto que levei, acabou acordando. Abriu os olhos, deu aquela espiada e perguntou o que tinha acontecido. Respondi que tinha matado um passarinho, a que ele: "Porra, sério?" / "Sim, sério." / "E aí?" / "E aí que matei. Só isso." / "Que merda. Será que morreu mesmo?" / "Tenho quase certeza que sim."
Ficamos nisso. O De la Croix voltou a dormir e eu a dirigir. Uns cinco minutos depois, outro passarinho entrou na frente do carro e, mais uma vez, foi atropelado. O Camilo acordou, de novo sem entender nada, expliquei o que aconteceu. Ficou me chamando de assassino de passarinhos, que o Green Peace ia me prender, que eu estava dizimando a fauna uruguaia.

Me explica como se desvia deles!
Me explica como se desvia deles!
Pois bem. Dois passarinhos mortos e eu como inimigo do Green Peace. Maravilha!
Alguns quilômetros adiante, a porra de uma pomba ficou louca e se chocou contra o pára-brisa do carro. Ploct! Camilo mais uma vez acordou, dessa vez assustado. Imagino que deva ter achado que tínhamos sofrido um acidente. "Que nada, cara Pacotilla. Acabamos de matar uma pomba." / "Quê? Vai me dizer que agora você matou uma pomba?" / "É. Sinto muito." / "Só se for pela pomba." / "É óbvio que é por ela. Por quem mais seria?" / "Por ter me acordado?" / "Depois eu que sou o assassino sem coração..." /
De assassino me transformei em serial killer. Muchas gracias, pajaritos uruguayos. Continuamos no nosso trajeto e eu, já desconfiado da parvoíce ornítica uruguaia, me mantive de prontidão na UY. Rapidamente me dou conta de que os idiotas dos passarinhos, ao invés de voarem para fora da estrada, como fazem no Brasil os nossos, querem cruzar a estrada e sair voando pelo outro lado da pista, não sem antes a sobrevoarem.
Prevendo o pior, diminuí a velocidade e, ao ver um bando de passarinhos meio aparvalhados, buzinava para ver se os espantava. Em 97% dos casos funcionou. Nos outros 3%, fracasso. De serial killer com vítimas solitárias, passei a chacineiro. Três pássaros, dos mais estúpidos, se esqueceram de desviar do carro, chocando-se contra a frente do Gonza. A essa altura, Camilo já estava acordado e me azucrinando.
"Assassino! Olha o Green Peace!"
Minha contagem já ia a 6 vítimas.
Até que, porque números ímpares são mais cabalísticos que os pares, um quero-quero doido resolveu sair caminhando na frente do carro. Literalmente o atropelamos. Tecnicamente, um suicídio premeditado.
7 mortes, 1 procurado pelo Green Peace e o Uruguai mais pobre de fauna...

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