quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Habemus lectoris

Quando toda a esperança já tinha praticamente acabado, forças ocultas surgem do nada e salvam a este pobre broguezim. Sim, confesso, tinha pensado em exterminá-lo em praça pública por padecer da ausência de comentários, o que me levava a crer, raciocínio mais que lógico, na total e absoluta inexistência de leitores. Muitas maneiras tinham sido elencadas para a execução:

1. Estripação em praça pública, para regojizo da plebe;
2. Enforcamento com direito a sordidez (detalhes a cargo de vossas férteis imaginações);
3. Atropelamento seguido de fuga;
4. Crime hediondo sem suspeitos (o crime perfeito);
5. Fechamento devido a difamação pública.

Eis aí as maneiras que eu tinha imaginado para dar cabo deste pobre e miserável brogue sem leitores. No entanto, como que por desígnio divino, vozes advindas do além, do inferno, do céu e de vossas terras tupiniquins se pronunciaram, clamando piedade por mais este desalmado. O brogue que estão lendo foi salvo pelo gongo.

Vozes até então desconhecidas saíram dos mais recônditos recônditos e se fizeram ver:

1. Camila, leitora chilena, que muito apreciou as presepices aqui escritas. Gracias, ¡che!;
2. Jacquie-o-rama, renascida das cinzas e agora acompanhada por sua fiel escudeira, Clarucha-Tartarucha;
3. Tissot, proprietário dos famosíssimos relógios suíços de mesmo nome, que, surpreendentemente, afirmou ser leitor desta pocilga que vos recebe. O prazer é nosso, caríssimo!;
4. Fá, que, também surpreendentemente, confessou ser leitora e culpada do crime de nunca deixar recados;

Outras vozes, que já sabia existir e que não deixam comentários, também se juntam a essa soma de só um algarismo:

5. Camilo, que nos últimos tempos resolveu sossegar o facho e deixou de ser El Turistón;
6. Sem-sorte, que está sempre aí na equipe de apoio;
7. Minha santa mãezinha. Pudera fosse também, porque se nem a minha mãe lesse acho que teria que enfiar a cabeça na privada e puxar a descarga;
8. Parça Brusquense, que lê sempre que pode lê esta brogúncia diretamente lá de Gibraltar;
9. Eu, porque sou obrigado a ler o que escrevo. Triste Fim de Magoo na Quaresma!

O agradecimento, pois, a todos estes leitores (inclusive eu) é enorme. Que sentido tem um texto se não há quem o leia? Pergunta a qual constantemente me fiz a mim mesmo durante este vácuo de comentários por que passou Bons Ares. Esta mesma pergunta suscitou inúmeras reflexões deste que vos fala acerca deste conjunto de letrinhas enfileiradas que comumente chamamos de texto.

Sim, comecei a entender um pouco mais o que sempre dizem os escritores, de que escrever é uma atividade solitária. Você, cheio de idéias na cabeça e ansioso para transmiti-las ao mundo, senta-se na sua cadeira preferida (no meu caso, na única que tenho, que, aliás, parece um toro mecânico, porque tenho que ficar me equilibrando em cima dela), de frente para seu instrumento de escrita (no meu caso novamente, um computador; sou tradicional e conservador demais para escrever a mão) e se põe a esboçar, rascunhar e organizar o que quer dizer. O tempo passa, as dificuldades se mostram, você as supera e por fim o texto se dá por terminado (sim, é o texto quem se termina, não eu que o termino). E taram! Pronto. Sorriso no rosto, um passo a mais dado rumo a LER e você solta seu texto no mundo à espera de que o leiam.

Neste momento, começa todo um processo distinto. Você se joga no vácuo à espera do que quer que seja. Será que farão muitos comentários? Será que aquela pessoa vai ler? O que será que aquele outro vai dizer? Será que não vão ler? Tudo passa pela sua cabeça, menos o que vai acontecer. Aí você começa a ficar preocupado com a perspectiva de não ser lido. Por sorte, neste momento, meus longos anos de estudo de filosofia me servem de algo e me fazem lembrar: que mesmo a negação e o nada ainda são alguma coisa. De forma que mesmo o não-comentário ou a ausência deles é uma resposta. É a inevitabilidade desta inefável realidade.

Ainda assim, no entanto, fica aquela dúvida no ar. E aí jaz uma das facetas da solidão. Você simplesmente não pode saber se leram ou não seu texto, quem leu, quando o leram, como o leram, se gostaram, se odiaram. Ou seja, fica sem saber nada. A única coisa que pode fazer é sentar, escrever outro texto e esperar que algo aconteça, mesmo que esse algo não seja nada.

Sendo assim, gostaria de agradecer a todos os que deixam seus comentários, a todos os que lêem mas não deixam comentários e a todos os que não lêem. Seja o que for que façam, muito obrigado.

E também gostaria de comunicar que a execução deste terém que estão lendo foi cancelada pelo bem de todos, mas sobretudo pelo do próprio brogue.





7 comentários:

Carolina Bagattolli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carolina Bagattolli disse...

Sim sim, confesso: sempre leio, nunca comento =)
Mas isso porque sempre digo PESSOALMENTE À SUA PESSOA o quanto gosto das coisas que você escreve.
Esta pobre alma brusquense em terras campineiras lhe pede humildemente: não volte a pensar em cancelar o seu blog!!!!!
Beeeeeeeijo

Anônimo disse...

Opa, deixo aqui minha contribuição e continuo na equipe de apoio com muito orgulho!!!!

Muuuuu
beijos

Anônimo disse...

oi,
en primer lugar ofrezco en la plaza publica mis culpas y disculpas por fruir tan intensamente del sobreviviente brogue, sin expresarlo, y dejando en semejantes tribulaciones existenciales al dedicado escribano...

se aprecia en especial manera la dedicacion a aquellas pequeñas cosas que en el fondo son las que hacen cada dia un pequeño mundo en sí....y leer el blog se convierte en algo tan amable como conversar con un amigo en el café de la esquina...

y...siendo verdad que:
....só regressa quem parte....

para nosotros, tus lectores, se hace también evidente que:

"che viaggiare non è solamente partire, partire e tornare;

ma è imparare le lingue degli altri, imparare ad amare"

(tradutor...tem trabalho!)

hasta la proxima, camiLLa

Anônimo disse...

Pense que está escrevendo cartas e jogando ao mar. Muitas vezes a dúvida alimenta mais que a certeza. beijosssssss

jackie disse...

Magooo
que e' isso meu irmao,
pensando em suicidio por falta de coro???
Contrata um marqueteiro ai criatura...
ou...
paga cincao pra todo mundo que deixar comentario!!!!

Mas e' o seguinte,
se e' pra deixar o bicho vivo, faca a coisa direito...
Que to meio cansada de ler o mesmo texto 29 vezes...
Tenta ai pelo menos umas tres dentro... do mesmo mes!
Ta bom, ta bom... ta muito velho pra tres, tenta duas!!!!
Clarucha, ja garota esperta, disse que duas e' melhor que nenhuma.
bjs nossos
eu clara

Carolina Bagattolli disse...

Ô parsa, vamo lá, posta coisa nova aí =D