terça-feira, 30 de junho de 2009

Uruguay Trip 8

O sacrifício de ouvir o Camilo cantando durante a viagem foi enorme, mas conseguimos chegar são e salvos a Santa Lucía. O casal montevideano, ainda se negando a tomar mate com leite e coco, nos impôs sua cultura conservadora de tomar só com água e sem açúcar. Fico me perguntando: onde estão os malditos direitos humanos? Onde está a decência humana? Onde está a liberdade de expressão? Fomos tolhidos pela bombilla, senhores.
A vingança, porém, é um prato que se serve frio, e eu particularmente sou bem vingativo. Sendo assim, já que nossos pombinhos uruguaios estão vindo para o Brasil e provavelmente ficarão em casa... Como quem manda lá somos eu e Camilo, nada de mates retrógrados e conservadores. Sim ao mate com leite e coco! Caballiteiros do mundo e futuros residentes do São Francisco, uni-vos contra a massa e a alienação!
De qualquer forma, como éramos visita e estávamos em seu país, nos comportamos. Em outras palavras, enchemos o saco do Mauro para tomar o mate à la Caballito, mas não lhe impusemos nada. Ao contrário do que será aqui no Brasil, estejam certos disso.
Ficamos até altas horas na sexta conversando e comendo arepas. Mesmo assim, eu, como o bom madrugador que sou, acordei cedo. Também porque não podia dormir por conta do calor e dos mosquitos. Desconfio que minha insônia se deveu um pouco ao peso das arepas na minha modesta barriguinha. Camilo, a meu lado, na outra cama, chegou até a roncar, o salafrário. Quero impeachment do meu compañero de viajes. Quem vota sim?
Com sono ou com sono, acabei levantando, pegando um dos tantos livros que comprei pelas livrarias de Montevideo (adquiri Mankells, Benedettis, Onettis, Trujillos e um Rosencof) e me sentei para ler. Coei um cafezinho e comi asarepas que tinham sobrado da noite anterior. Imaginem o estufado que eu não estava.

Cozinha da casa de Santa Lucia
Cozinha da casa de Santa Lucía

Quase panorâmica da cozinha
Quase panorâmica da cozinha
Mui tranqüilamente, fui então lendo meu livro. À medida que o personagem principal de Os sapatos italianos, de Henning Mankell, ia descobrindo que tinha uma filha de quarenta anos e que sua namorada da juventude estava com câncer, meus queridos companheiros de mate conservador foram acordando. Creio que o Mauro foi o primeiro. Depois Ale, e por fim a pacotilla perezosa.

Café-da-manhã no caramanchão improvisado
Café-da-manhã no caramanchão improvisado
Confesso que acabei tomando café outra vez, com eles.
Já embetumados de protetor solar, fomos para a praia. O casal com seus apetrejos, eu e Camilo com nossa querida bola, já intimando o Mauro para aquele baba esperto à beira do mar.

Vamos resolver essa coisa de 1950 mal resolvida
Vamos tirar a limpo essa coisa de 1950 mal resolvida!
Mal nos instalamos, já nos jogamos na água, que estava bem fria, há de se dizer. Mas como o espírito infantil e a vontade de jacarés era mais forte, não esmorecemos.

Esmorecer jamais!
Esmorecer jamais!
De volta à terra e sem nenhum afogado pelo caminho, começamos os trabalhos: mano a mano com goleiro na beira do mar, chutes ao gol com rodízio de goleiros frangueiros. A perícia era tanta que mal saía na foto, tamanha nossa agilidade.

... 1
... 1

... 2
... 2

.. 3 (ué, cadê?)
.. 3 (ué, cadê?)

Taffarel!
Sumiu-se?
Mauro e Camicabeção se mostraram grandes cabeceadores.

Dale, cabezón!
Dale, cabezón!
Eu, por nem ser cabeçudo e usar óculos, me ative tão-somente às caneladas. Ossos do ofício. Ale, evitando humilhar-nos, manteve-se zen e praticou seu taichizinho. Pudera Piper estivesse lá com ela.

Tai chi
Tai chi
Barrigas roncando e sol queimando, os filhos pródigos à casa retornam. E para almoçar: espaguete ao molho maurês. Especialidade da casa. Nem preciso dizer que comemos até explodir.
E depois? É claro que foram todos tirar aquela siesta amiga. Eu, mais uma vez não conseguindo conciliar o sono, fiquei lendo meu herói sueco.

Carátula de Zapatos Italianos
Carátula de Zapatos Italianos
Após o descanso, mais um pouco de praia e mais um pouco de técnica futebolística sendo demonstrada.

"Correi, lançá-la-ei!"
Como diria meu amigo Rafa: "Correi, lançá-la-ei!"

Preparando a bicicleta!
Preparando a bicicleta!

Vai que é tua, Taffarel!
Vai que é tua, Taffarel!
Foi quando, em meio a nossas bicicletas e voleios, uma tragédia aconteceu: nosso querido balón uruguayo viu seu fim prematuro. Pobre coitado!

Fosse Topper...
Fosse Topper...
Como nada se perde, tudo se transforma, reaproveitamos a bola e nos fabricamos um chapéu. Dizem que é a última moda em Milão.

Magoo lançando moda
Magoo lançando moda

Camilo imitando
Camilo imitando

Mauro blasé
Mauro blasé

Tai a explicação de por que moda é feita para mulheres
Taí a explicação de por que moda é feita para mulheres
Ansiosos pelo tão esperado evento do dia, regressamos com uma idéia fixa em mente: mandar boas vibrações para a aura parrillera do Mauro e devorar tudo o que ele ia fazer na churrasqueira.

Parrilla
Parrilla
Para quem não sabe, o camisa 9 da seleção celeste, grande cabeceador, também é um grande fazedor de churrasco. Aliás, sua fama é internacional.

O rei, o parrilero-mor
O rei, o parrillero-mor
Qual smurfs na mesa do Papai Smurf à espera da comida, batemos os talheres exigindo carne. No entretempo, uma partida de mancala para alegrar os incautos.

Partidinha de mancala sob a observação atenta do parrillero
Partidinha de mancala sob a observação atenta do parrillero
Abrimos a ronda noturna com uma molleja, que, em outras palavras, não passa de gogó de vaca. "Écate!" foi a primeira coisa que me veio à mente. Mesmo assim, e talvez mais por insistência do Camilo, acabei quase a contragosto provando.

As do Mauro estavam bem mais apetitosas
As do Mauro estavam bem mais apetitosas
Antes mesmo de pôr o pedaço de carne na boca, já estava fazendo careta. E sabem quê? É bom pra caralho! Confesso que não esperava nem um pouco gostar. Quem sabe por isso tenha curtido tanto. É simplesmente delicioso. Aconselho.
Na seqüência do nosso banquete parrillero, seguiu-se a morcilla (morcelha ou choriço) doce, recheada com nozes, e a salgada. Da doce, só elogios. Mauro é o cara fazendo churrasco. Quanto à salgada, minha antipatia diminuiu, mas não sei se pediria expressamente para comer.

Morcilla recém-saida da parrilla
Morcilla recém-saída da parrilla
The last but not the least, as lindas tiras de asado. E duas para cada um! Ai a balança...
Como acompanhamento, cerveza Patricia e vinho cepa Tannat.

Notem que o Tannat estava ao alcance da minha mão!
Notem que o Tannat estava ao alcance da minha mão!
Nem preciso dizer que fiquei no vinho. Excelente. Como os três preferiram a cevada, acabei tomando a garrafa inteira quase sozinho, que nem nos tempos de Caballito, quando eu matava um Flinca Flichman por noite no inverno.

Será que eu já estava jojado?
Será que eu já estava jojado?
Bebuns os quatro, não nos sobrou outra coisa que tomar copos de água antes de dormir e torcer para não amanhecermos com aquela puta ressaca.

O que bebida não faz com uma pessoa... (Camilo com o traje mais fidedigno de sua natureza)
O que bebida não faz com uma pessoa... (Camilo com o traje mais fiel à sua natureza)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Uruguay Trip 7

Na manhã do dia 26, com uma semana já de viagem, acordamos em Montevideo, na casa da Ale e do Mauro. Enquanto este se vestia a caráter (ele tem que trabalhar de terno e gravata, pobre coitado), coloquei minha boa e velha bermuda, uma camiseta qualquer e meu tênis estourado. Desconfio que Mauro deve ter nos invejado.
Com a barriga semicheia (saco vazio não pára em pé), fomos deixá-lo no trabalho. A Ale não precisava de carona porque trabalha do lado de casa. Mauro, por outro lado, trabalha na própria rambla e tem vista para o Río de la Plata. Aí sim eu o invejei.


Rambla
Rambla
Aproveitamos a facilidade e pegamos a aorta no sentido contrário, rumo à Ciudad Vieja. Ainda com um pouco de fome, paramos em um café para desayunar comme il faut: café com leite, medialunas, etc. Antes, porém, deixamos o Gonzinha no estacionamento, por si acaso. Infelizmente não me lembro nem do nome nem do endereço desse café, porque lá foi o único lugar no Uruguai em que fomos mal atendidos, muito mal atendidos.
Nosso primeiro destino foi o mole do porto de Montevideo, onde cruzamos com uma enormidade de pescadores tentando a sorte no Río de la Plata.


Pescadores no mole
Pescadores no mole
O silêncio e a tranqüilidade do muelle nos proporcionaram um bom momento para a introspecção e a discussão do próximo plano de grande porte, que será, no momento certo, anunciado e minuciosamente explicado neste blog.


Na santa paz
Na santa paz
Apesar de não ser lá muito interessante para alguns, eu sou fascinado por barcos (acho que numa vida passada fui um daqueles doidos europeus que se lançaram ao mar à procura das Índias). Camilo, por sorte, quase compartilha da mesma fascinação.


Será que eu já fomos marinheiros na vida passada?
Será que já fomos marinheiros na vida passada?

Só espero que não tenhamos ficado limpando convés...
Só espero que não tenhamos ficado limpando convés...
Não sei exatamente quanto tempo estivemos sentados no mole vendo os barcos passarem. O que sei é que, quando nos levantamos, já meio que estávamos com fome de novo. Caminhamos mais um tanto pela Ciudad Vieja, a esmo pelas ruas que nos pareciam mais atrativas, e acabamos chegando ao Mercado Municipal da cidade.


Ciudad Vieja
Ciudad Vieja
E bem na hora do almoço. Que coincidência! Como seria um pecado turístico imperdoável, entramos para comer. Caso contrário, o deus uruguaio do churrasco nos puniria para sempre.
Com o mercado ainda vazio por ser hora de almoço brasileiro e não uruguaio, nos sentamos em um dos tantos restaurantes à disposição e pedimos dois choripanes com salada. E que viessem acompanhados por uma Zillertal bem gelada.


Choripán
Choripán

Zillertal
Zillertal
Não preciso nem dizer que la pasamos muy bien.
Revigorados com aquela cervejinha na hora do almoço e com o bucho já bem cheio, continuamos caminhando pela Ciudad Vieja e pelos arredores da 18 de Julio. Na altura da Paraguay, o Camilo encontrou um minishopping de artesanato, que o fez ficar qual um louco. Suas raízes estudantis e de quem ia tomar bera no Largo da Ordem falaram mais forte. Teve que entrar e meter-se à cata de um chapéu. Eu, como todos já devem saber, odeio feirinhas e coisas do gênero. Do fundo do meu coração. Já tive inúmeras discussões com ex-namoradas e amigos por conta disso e hoje não discuto mais: quer ir, vá; só não me leve junte.
Sendo assim, enquanto o Camilo procurou por tudo quanto é canto seu chapéu de chanta, fiquei sentado na frente do shoppingzinho vendo a vida passar. Aliás, passa bem devagar e com ar meio quedado no Uruguai.
Satisfeito e com a cabeçola (na verdade um cabeção) enfeitada com seu novo sobrerito de cuero de chancho, os dois nos sentamos em um café na praça da Rua Florida e tomamos algo.
Já pensando na questão da chave do apartamento da Ale e do Mauro, resolvemos buscá-lo de surpresa no trabalho. De terno e gravata, nós o intimamos a fazer um car tour por Montevideo conosco. É óbvio que ele iria nos guiar. Antes de pegarmos a rambla rumo ao Cerro, passamos em casa para que o nosso trabalhador se trocasse e pusesse sua outra roupa a caráter: bermuda, camisa e havaianas. Que transformação, não?!


Camilo (com seu sombrerito de chanta) e Mauro a caráter
Camilo (com seu sombrerito de chanta) e Mauro a caráter
Com o nosso guia nativo no banco do passageiro, rumamos para o Cerro. Teoricamente é o morro pelo qual se deu o nome de Montevideo (Monte + video = vejo o monte). O Cerro, além do interesse quanto à vista, também "hospeda" a Villa del Cerro, que é uma antiga vila uruguaia que, com o passar do tempo e com o aumento da capital, acabou sendo incorporada como um bairro de Montevideo. Os moradores do Cerro são ufanistas do próprio bairro, e se orgulham de serem ufanistas, se é que isso é possível.


Villa del Cerro
Villa del Cerro
A Villa del Cerro não é o lugar mais bonito de Montevideo, mas talvez um dos mais interessantes. Tem o Cerro, o forte, o ufanismo de seus moradores, dentre os quais está Pepe Mujica, ex-militante dos Tupamaros (esquerda armada uruguaia), preso político por mais de 12 anos (leiam: Memorias del calabozo, de Huidobro e Rosencof) e futuro candidato à presidência.


José "Pepe" Mujica no senado uruguaio
José "Pepe" Mujica no senado uruguaio
Lá de cima do Cerro, uma bela vista da cidade. Não fossem os brasileiros farofeiros e chacreiros que encontramos, teria sido tudo de maravilla.


Vista do Cerro
Vista do Cerro

Montevideo vista do alto do Cerro
Montevideo vista do alto do Cerro

Mauro e Camilo "o cabeção" no Cerro
Mauro e Camilo "o cabeção" no Cerro
Descemos com o objetivo de dar mais um rolê pela cidade e de irmos ao supermercado fazer compras. Tínhamos combinado, no dia anterior, no ático do casal, que acabou alterando metade da nossa viagem, de irmos os quatro a Santa Lucía, balneário uruguaio em que os pais da Ale têm casa.
No mercado, como não podia ser diferente, fizemos a festa: quilos de carne, pão, verduras, abacaxi, cerveja, vinho e muito doce de leite (que se perdeu por algum lugar da viagem).


Doce de leite Conaprole
Doce de leite Conaprole
Voltamos para casa à espera da Ale, que teria kung fu até às 21h (cuidado com ela, é perigosa!). Enquanto a esperávamos, inspirados pela bola que vínhamos trazendo no porta-malas desde Colonia, intimamos o Mauro a bater um baba conosco pelas ruas de Montevideo. É o sangue brazuca e futuro hexacampeão falando mais forte.
Entre gols, bolas no capô e atraso, conseguimos sair de Montevideo lá pelas 22h30. Nosso destino: Santa Lucía, a 80km da capital. Nosso martírio: ouvir as cantorias pagodeiras do Camilo com o carro lotado de coisas (malas de quatro pessoas e compras para o fim de semana).

domingo, 28 de junho de 2009

Uruguay Trip entredias

Mas antes de contar o Natal com a Abuelucha, uma história fúnebre há de ser narrada. Com mortes, assassinatos e até suicídio. Por que não?
UYtrip, quarto dia, ei-nos dirigindo pelo noroeste do país. Melhor dizendo, quem estava na boléia era eu. Findo o turismo pelos arredores de Tacuarembó, pegamos, como vocês já bem sabem, a estrada para Paysandú. No caminho, dos dois lados da UY, paisagens de rótulo de doce de leite, vacas e alguns rebanhos esparsos de eucaliptos.
Gonza sossegado, Camilo no banco do passageiro já quase babando de sono e eu dirigindo tranqüila e calmamente. Até aí tudo normal. Mesmo sem rádio, não estava entediado nem nada. Ia pensando na viagem, na vida e na morte da bezerra, que tinha falecido havia uns dias.
Quando me passou pela frente do carro um passarinho, parecia uma rolinha, e deu com tudo contra nós. Não preciso dizer que o passarinho deve ter morrido. Meu reflexo foi freiar o carro e tentar desviar. Em vão. Camilo, com o susto que levei, acabou acordando. Abriu os olhos, deu aquela espiada e perguntou o que tinha acontecido. Respondi que tinha matado um passarinho, a que ele: "Porra, sério?" / "Sim, sério." / "E aí?" / "E aí que matei. Só isso." / "Que merda. Será que morreu mesmo?" / "Tenho quase certeza que sim."
Ficamos nisso. O De la Croix voltou a dormir e eu a dirigir. Uns cinco minutos depois, outro passarinho entrou na frente do carro e, mais uma vez, foi atropelado. O Camilo acordou, de novo sem entender nada, expliquei o que aconteceu. Ficou me chamando de assassino de passarinhos, que o Green Peace ia me prender, que eu estava dizimando a fauna uruguaia.

Me explica como se desvia deles!
Me explica como se desvia deles!
Pois bem. Dois passarinhos mortos e eu como inimigo do Green Peace. Maravilha!
Alguns quilômetros adiante, a porra de uma pomba ficou louca e se chocou contra o pára-brisa do carro. Ploct! Camilo mais uma vez acordou, dessa vez assustado. Imagino que deva ter achado que tínhamos sofrido um acidente. "Que nada, cara Pacotilla. Acabamos de matar uma pomba." / "Quê? Vai me dizer que agora você matou uma pomba?" / "É. Sinto muito." / "Só se for pela pomba." / "É óbvio que é por ela. Por quem mais seria?" / "Por ter me acordado?" / "Depois eu que sou o assassino sem coração..." /
De assassino me transformei em serial killer. Muchas gracias, pajaritos uruguayos. Continuamos no nosso trajeto e eu, já desconfiado da parvoíce ornítica uruguaia, me mantive de prontidão na UY. Rapidamente me dou conta de que os idiotas dos passarinhos, ao invés de voarem para fora da estrada, como fazem no Brasil os nossos, querem cruzar a estrada e sair voando pelo outro lado da pista, não sem antes a sobrevoarem.
Prevendo o pior, diminuí a velocidade e, ao ver um bando de passarinhos meio aparvalhados, buzinava para ver se os espantava. Em 97% dos casos funcionou. Nos outros 3%, fracasso. De serial killer com vítimas solitárias, passei a chacineiro. Três pássaros, dos mais estúpidos, se esqueceram de desviar do carro, chocando-se contra a frente do Gonza. A essa altura, Camilo já estava acordado e me azucrinando.
"Assassino! Olha o Green Peace!"
Minha contagem já ia a 6 vítimas.
Até que, porque números ímpares são mais cabalísticos que os pares, um quero-quero doido resolveu sair caminhando na frente do carro. Literalmente o atropelamos. Tecnicamente, um suicídio premeditado.
7 mortes, 1 procurado pelo Green Peace e o Uruguai mais pobre de fauna...

sábado, 27 de junho de 2009

Uruguay Trip 6

A tal da descansadinha acabou durando até a manhã do outro dia. Nada de festinha para comemorar o Natal.
Acordamos, tomamos café e fizemos nosso checkout. Antes de buscar a Abuelita, que também faria checkout nesse dia e voltaria, de Buquebus, para Buenos Aires, utilizamos pela primeira vez, com muito orgulho, o presente que ela nos deu: demos uma geral no Gonza, que já estava precisando. Indireta ou não, o presente dela veio a calhar.
Estacionamos na frente do Plaza Mayor contentes, buzinando e fazendo a festa. Abuelita já nos esperava. E com outro presente. Tinha conseguido com a recepcionista fazer com que entrássemos para bater umas fotos do hotel, que faz parte do complexo histórico tombado pela ONU.
Novamente ciceroneados por nossa querida guia Busbus, passeamos, qual turistas suecos cheios da bufunfa, pelo interior do hotel.

Posada Plaza Mayor
Posada Plaza Mayor

Fonte-caramanchão do Plaza Mayor
Fonte

Pátio-caramanchão
Pátio-caramanchão

Os dois intrometidos fuçando pelo hotel
Os dois intrometidos fuçando pelo hotel
De lá, já com o Gonza carregado com as malas de todos, nos sentamos em um restaurante para tomar um café, conversar e depois almoçar. Na verdade, mais que tudo isso, estávamos realizando a I Cumbre Secreta Internacional del Club de Admiradores de Henning Mankell, que se deu sem muitos segredos na calçada de Avenida Gral Flores, em Colonia.

Será que o Kurt Wallander vai mesmo fazer isso?
Será que o Kurt Wallander vai mesmo fazer isso?

Claro que vai. Por que você não escuta o que a tua Abuelita está te dizendo?
Claro que vai. Por que você não escuta o que a tua Abuelita está te dizendo?
Porque é Kurt Wallander para cá, é Stefan Lindman para lá, é Linda Wallander para o outro lado... E assim passamos horas conversando.
Depois do almoço, já em clima de despedida, fomos dar uma voltinha de carro pelo centro histórico, que até então mal tínhamos visto. Enquanto o Camilo e a Abuelita, dois lagartos preguiçosos com a pança cheia depois do almoço, se contentaram em ver tudo desde dentro do carro, sob uma sombra amiga, saí caminhando e batendo fotos.

Os dois preguiçosos dentro do Gonza curtindo uma sombra
Os dois preguiçosos dentro do Gonza curtindo uma sombra

Pórtico
Pórtico

As muralhas de Colonia
As muralhas de Colonia

Calle de los Suspiros
Calle de los Suspiros
Por dois momentos pensei ter encontrado a mulher da minha vida (o conceito platônico da menina de bicicleta sempre acaba voltando), mas não.

Paixão à primeira vista?
Paixão à primeira vista?

Ledo engano...
Ledo engano...
A tarde no seu início, entramos no cais do Buquebus para deixar a presidenta do CAHM (Club de Adoradores de Henning Mankell) na sala de espera e infelizmente nos despedirmos.
Até que vimos algo estranho no céu. Será um avião? Será uma nave espacial? Será o Superman? Nem um, nem outro. Mas a surpresa ficou.

Um avião? Uma nave espacial? O Super-Homem?
Um avião? Uma nave espacial? O Super-Homem?
Com o pé na estrada novamente (a saudade já era grande), seguimos rumo a Montevideo. Íamos nos hospedar na casa de um casal de amigos do Camilo, a Ale e o Mauro. Camilo os conheceu no Brasil há anos e desde então mantêm contato.
Conseguimos chegar à capital uruguaia sem sequer um pássaro morto. Grande façanha! Obviamente nós nos parabenizamos. Afinal de contas, não é todo dia que isso acontece. Tínhamos combinado buscar a Ale e o Mauro na casa dos pais dele, em Malvin. Para isso, tivemos que cruzar toda a Montevideo, e aproveitamos para curtir arambla de cabo a rabo.

Chegando em Montevideo
Chegando em Montevideo
O Gonza, nesse meio tempo, rolling like a mousse.

Rambla
Rambla
Mal chegamos, já fomos intimados pelo Mauro a tomar um mate tipicamente uruguaio. Subimos no ático do apartamento deles e ficamos curtindo o final da tarde de Natal de Montevideo. Enquanto tentamos convencê-lo a provar um autêntico mate de Caballito (com leite e coco), ficamos conversando sobre viagens (Argentina, Chile, Bolívia, Peru). E Uruguai. Foi então que surgiu o subtítulo temporário do Bons Ares. Mauro, depois que lhes contamos nosso plano de viagem...

Uruguay Trip
Uruguay Trip
... perguntou: "Mas por que o Uruguai?".
A que eu respondi de bate-pronto: " E por que não?"
Essas duas frases deram lugar a uma longa conversa sobre o Uruguai e nosso itinerário. Nós, que tínhamos o itinerário acima, acabamos mudando-o, depois de muita charla com o casal, para o seguinte:

UTtrip depois da conversa
UTtrip depois da conversa
Nessa mesma noite, depois do merecido banho, ainda fomos ver uma comparsa de canbombe tocando pelas ruas da Ciudad Vieja.

Comparsa tocando candombe
Comparsa tocando candombe
Por fim, voltamos para casa e jantamos, como não poderia deixar de ser. O que mais poderiam esperar de nós?